Informações
Nível de aprovação pela UnB
Aprovado pela UnB
Nome Completo do Proponente
Analia Laura Soria Batista
Matrícula UnB
551490
Unidade acadêmica da UnB
analiasoria@unb.br
Link Cúrriculo Lattes
Título da Proposta
TRABALHO SUJO NA PANDEMIA. OS SEPULTADORES NOS CEMITERIOS DE SAO PAULO.
Sumário Executivo da Proposta
Em artigo anterior SORIA BATISTA, CODO (2018), se analisou a identidade e o trabalho sujo nas categorias dos sepultadores e paramentadores (tanatopraxistas) dos cemitérios públicos de uma importante prefeitura de São Paulo, tendo como base a contribuição seminal de Hughes (1962) e Ashford e kraneir (1999), para estudo do trabalho sujo . O presente projeto considera resultados dessa pesquisa, isto é, as ideologias ocupacionais produzidas pelos sepultadores na luta contra o estigma do trabalho sujo em época de normalidade, e as compara com as produzidas no contexto da pandemia de Covid 19, na medida em que se observam mudanças no trabalho cotidiano destes trabalhadores.
Tipo da Proposta
Palavras-chave
Trabalho sujo, identidade, sepultadores, pandemia, cemiterios
Número de Integrantes da Equipe
3
Nome dos Integrantes da UnB
Analia Laura Soria Batista, Wanderley Codo, Remigio Todeschini
Há integrantes externos à UnB?
Sim
Possui apoio de Grupo de Pesquisa Certificado pela UnB no CNPq?
Sim
Nome/Link do Grupo de Pesquisa certificado no CNPq pela UnB
NEVIS -Nucleo de estudos de Violencia e Seguranca
Público alvo
Análise do Contexto
A letalidade da pandemia afeta o trabalho dos sepultadores de diversas maneiras. Tem mudanças na composição da categoria profissional. Pelo comum os sepultadores são servidores públicos das prefeituras, mas o aumento do trabalho, de abrir sepulturas e de enterrar mortos, tem levado em lugares particularmente atingidos pelo Covid19 como São Paulo, a contratar trabalhadores terceirizados.
Essa situação afeta a categoria dos sepultadores de duas formas, introduz trabalhadores em condições precárias de contratação, e de um outro lado, exige dos servidores o treinamento desta mão de obra. Uma categoria homogênea da perspectiva das condições do emprego, se torna heterogênea, o que pode contribuir para sua fragilização política-sindical.
Em segundo lugar, a letalidade da pandemia produz o aumento do trabalho, mudando seu ritmo de realização, ao mesmo tempo em que introduz equipamentos como os EPI, que protegem mas que limitam os movimentos. A pandemia muda as rotinas do trabalho tanto quanto afeta, de um modo diferente, as relações dos sepultadores com os familiares do morto. Estas relações normalmente são bastante tensas e conflitivas, mas o medo da contaminação que ronda a estreiteza do ritual funerário as tem tornado dramáticas.
Por fim, e muito importante para o estudo proposto é o fato destes trabalhadores e seu local de trabalho, os cemitérios, terem adquirido visibilidade na sociedade. Os sepultadores se tornam visíveis em função do aumento da sua utilidade social, e o cemitério, aquele espaço pelo comum oculto aparece em inúmeras fotos que percorrem o mundo constrangendo pela quantidade de fossas abertas não apenas braçalmente, mas com as retroescavadeiras.
A morte, essa dimensão oculta da vida também se tem feito presente de forma ostensiva. Antes reduzida a uma questão vivenciada nos grupos familiares, se tornou um problema coletivo e trouxe a emoção da efemeridade da vida individual e da própria espécie.
O apontado significa mudanças no trabalho realizado pelos sepultadores, mesmo que continuem fundamentalmente a abrir fossas e a enterrar os mortos. Talvez estas mudanças tencionem os pontos neurálgicos deste trabalho sujo, na medida em que a pandemia com sua impronta de contaminação aprofunda a dimensão poluída e abjeta do trabalho, mas também a socializa ao incorporar as famílias como portadoras da possibilidade do contagio e da morte. Ao mesmo tempo, a pandemia interpela o trabalho sujo dos sepultadores fortemente na sua utilidade e necessidade social perante o aumento significativo do número de mortos e a urgência de seu enterro para limitar a expansão da contaminação. Mas ao mesmo tempo, tira a morte do lugar social oculto e a torna socialmente mais aceitável, mesmo que de forma melancólica, como uma parte inexorável das tragédias coletivas.
Breve Fundamentação Teórica
Segundo Ashforth e Kreiner (1999, 415), o conceito de trabalho sujo diz respeito à divisão moral do trabalho. A partir das atividades consideradas socialmente prestigiosas, em diferentes cenários socioculturais, é possível analisar e classificar as restantes, considerando a ausência ou a presença dos aspectos que constroem socialmente as atividades valorizadas.
Lixeiros, coveiros e enfermeiras, por exemplo, têm contato com dejetos e lixo; bombeiros e mineiros, com o perigo e o nocivo, isto configura a impureza física. A impureza social diz respeito ao contato dos trabalhadores com grupos estigmatizados, como sucede com assistentes sociais, cuidadores sociais e guardas prisionais, ou trabalhadores que executam atividades em condições de servidão, como empregadas domésticas, engraxates e mordomos.
A mácula moral é relativa a trabalhos considerados pecaminosos ou dúbios, como o das strippers, ou que desafiem as normas de civilidade, como o realizado por interrogadores policiais e investigadores privados. Alguns trabalhos podem ser tidos como sujos nas três dimensões mencionadas: física, moral e social. Outros, em alguma delas. Os autores se preocupam com a análise das estratégias empregadas pelos trabalhadores para lidar com a mácula social, minimizando-a ou neutralizando-a.
Objetivos e Metas
Objetivo geral
Analisar como e em que medida a pandemia de Covid19 tem transformado o estigma do trabalho sujo realizado pelos sepultadores nos cemiterios.
Metas
Compreender o trabalho sujo dos sepultadores no contexto da pandemia;
Tornar visiveis as condicoes de trabalho dos sepultadores no contexto da pandemia, contribuindo para sua melhoria.
Metodologia
Pesquisa qualitativa. Em duas etapas: 1) Levantamento e analise de bibliografia e de matérias jornalísticas; 2) Trabalho de campo.
1) Levantamento e analise de bibliografia e de matérias jornalísticas
Se procedera ao levantamento e analise de bibliografia sobre sepultadores dentro do corpo teórico analítico do trabalho sujo.
Se procedera ao levantamento e analise de matérias jornalísticas sobre os sepultadores na pandemia em São Paulo.
2) Trabalho de campo
O trabalho de campo é realizado no cemitério Vila Formosa. São feitas observações das atividades dos sepultadores no cemitério e entrevistas semiestruturadas com os sepultadores e com seus representantes sindicais (no cemitério e/ou no sindicato). Este material da pesquisa sera alvo de um video.
Técnica de analise
Se procede à análise de conteúdo das informações coletadas junto aos sepultadores e representantes sindicais. As matérias jornalísticas serão alvo de analise especifico, considerando aspectos que permitem identificar seu enquadramento.
Resultados Esperados
Tornar visivel socialmente o trabalho de categorias invisibilizadas e desprestigiadas que realizam os trabalhos necessarios e desprezados, como os sepultadores.
Discutir com os representantes sindicais as melhorias necessarias nas condicoes de trabalho dos sepultadores e produzir videos do trabalho e da vida destes trabalhadores que contribuam para o esclarescimento de toda a sociedade.
Área de Conhecimento
Subárea de Conhecimento
Há previsão de Orçamento proveniente na unidade acadêmica?
Não
Cronograma da Execução
CRONOGRAMA
1 2 3 4 5
Levantamento bibliografico e
de materias jornalisticas. X
Entrevistas, roteiros, realizacao X X
Observações nos cemitérios X
Analise das informações X
Relatório preliminar X
Discussão do relatório em junto ao SINDSEP X
Elaboração de artigo cientifico X
Tempo total de execução previsto
5