Informações
Nível de aprovação pela UnB
Aprovado pela UnB
Nome Completo do Proponente
Andrea Donatti Gallassi
Matrícula UnB
1036432
Unidade acadêmica da UnB
andrea.gallassi@gmail.com
Link Cúrriculo Lattes
Título da Proposta
O Impacto Psicossocial do Isolamento Social na Universidade de Brasília
Sumário Executivo da Proposta
O presente projeto trata da identificação do impacto psicossocial na comunidade acadêmica (estudantes, servidores administrativos e docentes) da Universidade de Brasília (UnB) durante o período de isolamento social devido à pandemia da doença de coronavírus 2019 (Covid-19) . Os primeiros casos de Covid-19 foram registrados na China, na cidade de Wuhan, em dezembro de 2019. A disseminação desenfreada em diversos países do mundo de um novo vírus, levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar, em março de 2020, uma pandemia.
O Codiv-19 é uma síndrome aguda grave, possui como característica o rápido contágio e causa infecções respiratórias, sendo mais graves em pessoas idosas e com comorbidades, como diabetes, hipertensão, doenças do cardiorespiratórias, dentre outras. A rápida evolução dos casos graves gera um aumento significativo das internações hospitalares, do uso de recursos de terapia intensiva e de mortes (CRISPIM et al., 2019).
No Brasil, diante da evidência eminente de uma epidemia, o Ministério da Saúde (MS) instituiu, em janeiro de 2020, o Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COE-Covid-19), com o intuito de monitorar a entrada de possíveis casos de Covid-19 no país (CRISPIM et al., 2019). Apesar de todos os esforços das entidades governamentais de saúde para a contenção do Covid-19 no território brasileiro, a propagação do vírus alcançou várias cidades e estados, sendo o estado de São Paulo o mais atingido por essa doença, com um grande número de pessoas contaminadas e de óbitos, o que levou o governo de São Paulo a decretar, no dia 20 de março, estado de Calamidade Pública.
No Distrito Federal (DF), em fevereiro de 2020, esse cenário mobilizou a criação, por parte da Secretaria do Estado da Saúde do DF, do Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (COE-Covid-19-DF), em consonância com o MS, o qual visa a prevenção da disseminação do vírus no Centro-Oeste. Paralelamente, outras instituições públicas regionais, como a UnB, criou o Plano de Contingência em Saúde do Coronavírus, proposta institucional que tem como finalidade desenvolver ações para avaliar os riscos e os impactos do Covid-19 sobre a saúde pública da comunidade acadêmica..
O Plano de Contingência da UnB tem como foco a sistematização de ações em diferentes frentes, dentre elas a relação da incidência de sofrimento mental com a propagação do Covid-19, em virtude da medida de isolamento social como a principal forma de prevenção e de conter o aumento do contágio do vírus. Nessa direção, compreende-se que toda a comunidade acadêmica composta por estudantes, servidores administrativos e docentes, vem enfrentando grandes alterações em suas rotinas diárias e passam a se ver na necessidade de se adaptarem frente à vivência desse isolamento, o qual, muitas vezes, pode evoluir para um sofrimento mental.
Uma epidemia, do ponto de vista da saúde mental, pode gerar perturbações de ordem psicossocial, como medo, ansiedade, incertezas, inseguranças, rupturas nas suas vidas, que pode ultrapassar a capacidade de enfrentamento da população e ter como consequências o sofrimento psíquico.
Nesse sentido, a presente proposta tem a finalidade de identificar os impactos psicossocial na comunidade acadêmica, na tentativa de prever ações de cuidado no âmbito psicossocial e ocupacional, políticas públicas e práticas saudáveis dentro da Universidade.
Tipo da Proposta
Palavras-chave
pandemia, isolamento social, impacto psicossocial; sofrimento psíquico
Número de Integrantes da Equipe
3
Nome dos Integrantes da UnB
Profa. Dra. Josenaide Engracia dos Santos; Profa. Dra. Flávia Mazitelli de Oliveira; Profa. Ms. Daniela da Silva Rodrigues
Há integrantes externos à UnB?
Não
Possui apoio de Grupo de Pesquisa Certificado pela UnB no CNPq?
Sim
Nome/Link do Grupo de Pesquisa certificado no CNPq pela UnB
dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/4817837547822266
Público alvo
Análise do Contexto
Ao longo do século o mundo sempre foi acometido por pandemias e geralmente decorrente da influenza. A pandemia é considerada uma das principais ameaças à saúde pública, em todo o mundo. Conceituada como epidemia de larga escala, atinge milhões de pessoas em vários países, às vezes se espalhando pelo mundo (OMS, 2010). As pandemias são "frequentemente marcadas por incerteza, confusão e uma senso de urgência" (OMS, 2005, p.1). Antes ou nos estágios iniciais de uma pandemia, há uma incerteza generalizada sobre a seriedade do fenômeno e a probabilidade de ser infectado, juntamente com a desinformação sobre os melhores métodos de prevenção e gestão dos riscos (KNADIYA; SALLAR, 2011).
As epidemias são ondas de infecção causadas, em parte, por padrões de agregação humana. Com isso, uma das intervenções principais é evitar aglomeração, praticando o isolamento social. O isolamento social refere-se a intervenções recomendadas ou orientadas pelas autoridades de saúde para reduzir a probabilidade de infecção entre as pessoas (FINKELSTEIN et al., 2010).
Em 2019, o mundo acordou com a epidemia de Covid-19 na China. Doença esta que se espalhou pelo mundo e foi caracterizada como pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A OMS declarou, em 30 de janeiro de 2020, que o surto da doença causada pelo Covid-19 constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional – o mais alto nível de alerta da instituição, conforme previsto no Regulamento Sanitário Internacional (ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE, 2020). Foram confirmados no mundo 462.684 casos de Covid-19, com 20.834 mortes até 26 de março de 2020. O Brasil confirmou 2.915 casos e 77 mortes na tarde do dia 26 de março de 2020. Nesse cenário, o Ministério da Saúde (MS) recomendou a quarentena para evitar o alastramento da infecção entre a população. Zhang (2020) afirma que o isolamento social em casa deve ser considerado como uma alternativa importante para conter a disseminação do vírus, que perde a capacidade de se espalhar. O governo suspendeu aulas em todas as instituições de educação infantil, ensino fundamental, médio e de ensino superior. No Distrito Federal, a UnB vem sentindo os efeitos da suspensão das atividades, que provocou uma ruptura abrupta das relações interpessoais entre estudantes, servidores e professores, principal característica do ambiente universitário.
A UnB conta atualmente com 53.657 pessoas nos quatro campi, sendo 39.624 alunos de graduação, 8.048 alunos de pós-graduação, 3.198 técnico-administrativos e 2.787 docentes (DPO, 2017). Nesse universo, tem-se um contingente muito grande de estudantes universitários que ao entrarem em período de isolamento social, podem sofrer impactos na sua saúde. Coulon (2017) destaca que o contexto vivenciado por esses estudantes sempre foi marcado por rotinas dinâmicas entre estudo, provas, elaboração de trabalhos, participação de pesquisas e projetos de extensão. Sendo assim, os estudantes ao serem impedidos de participar de suas atividades e rotinas, as quais foram significativamente alteradas pelo período de isolamento, podem vivenciar situações de estresse, sintomas de ansiedade e depressão, de sofrimento psíquico, além do uso problemático de álcool e outras drogas.
Além disso, o distanciamento social, muitas vezes, pode levar à situações de crises e/ou surtos a depender da resposta de cada um no momento de isolamento. Entende-se que o surto do Covid-19 em si e as suas medidas de controle podem levar a um medo e pânico generalizados, além da estigmatização e da exclusão social das pessoas, de sobreviventes e familiares, que podem evoluir para reações psicológicas negativas adicionais, incluindo distúrbios de ajuste e depressão.
Nessa direção, Ministério da Saúde, Secretaria de Saúde do Distrito Federal e Instituições de Ensino Superior têm se mobilizado para oferecer serviços de assistência à saúde da população. Entretanto, percebe-se uma insuficiência dos sistemas local de saúde mental e de apoio psicossocial, que se evidencia pela falta de profissionais treinados para atender em regiões atingidas por epidemias, o que pode desencadear um aumento nos riscos de sofrimento psíquico e de progressão para um quadro psicopatológico.
Breve Fundamentação Teórica
O Covid-19 impôs à comunidade universitária o isolamento para conter a disseminação do vírus. Esse isolamento social, influencia nas relações dos sujeitos com outras pessoas, seu trabalho e cotidiano, uma vez que toda ação humana é social (MARTIN-BARÓ, 1983); a interrupção abrupta das relações sociais devido a uma pandemia pode provocar um quadro de sofrimento psíquico. As pessoas podem reagir com intensa ansiedade ou medo. A ansiedade e o medo se tornam ainda mais comuns quando a pandemia realmente chega. Durante os estágios iniciais da gripe suína de 2009, por exemplo, 24% de uma amostra comunitária do Reino Unido relatou ansiedade significativa (TAYLOR, 2019). As pandemias estão associadas a uma gama de estressores psicossociais, como ameaças à saúde para si e para os entes queridos, interrupções nas rotinas, separação da família, escassez de alimentos e medicamentos, perda de salário, isolamento social devido a programas de quarentena como fechamento de instituições públicas, a exemplo da universidade.
Objetivos e Metas
Identificar o impacto psicossocial na comunidade acadêmica (estudantes, servidores administrativos e docentes) da UnB em período de isolamento social devido à pandemia de Covid-19.
Especificamente, pretende-se:
- Identificar sintomas de ansiedade e depressão na comunidade acadêmica da UnB em período de quarentena devido à pandemia de Covid-19, utilizando os Inventários de Ansiedade e de Depressão de Beck;
- Avaliar a qualidade de vida na comunidade acadêmica da UnB em período de isolamento social devido à pandemia de Covid-19, por meio do WHOQOL-Bref da Organização Mundial da Saúde – OMS;
- Avaliar o uso problemático de álcool e outras drogas na comunidade acadêmica da UnB em período de quarentena devido à pandemia de Covid-19, com a aplicação do Teste de Triagem do Envolvimento com Álcool, Cigarro e outras Substâncias (Assist);
- Verificar a ruptura na participação em ocupações e atividades de vida diária na comunidade acadêmica da UnB em período de isolamento devido à pandemia de Covid-19, com o uso do instrumento Lista de Identificação de Papéis Ocupacionais.
No sentido de alcançar os objetivos do projeto, as metas detalhadas a serem atingidas quantitativamente, foram assim definidas:
Meta 1: Previsão e proporções do sofrimento mental na comunidade acadêmica da UnB estratificado por sexo e faixa etária (jovens, adultos e idosos), visando o planejamento de ações, de políticas públicas e práticas saudáveis dentro da Universidade.
Meta 2: Obtenção de dados relacionados ao sofrimento psíquico, à ansiedade e depressão, ao uso problemático de álcool e outras drogas, às rupturas ocupacionais, para definir os serviços de atendimento e apoio psicossociais a serem oferecidos à comunidade acadêmica.
Meta 3: Levantamento das principais necessidades psicossociais da comunidade acadêmica causadas pelo efeito do isolamento social e criação de outros serviços de suporte, de assistência e espaços de cuidado e de acolhimento, agregando-se aos serviços já ofertados pela universidade para estudantes, servidores administrativos e docentes.
Meta 4: Compreensão de como está ocorrendo a participação da comunidade acadêmica nas ocupações, atividades de vida diária e nos papéis ocupacionais, como trabalhador, estudante, de membro da família, de amigo, atividades voluntárias, de lazer e diversão, de autocuidado, dentre outras, no período de isolamento social, uma vez que a restrição de participação em qualquer ocupação e atividade pode afetar o bem-estar e a saúde mental das pessoas.
Metodologia
Trata-se de um estudo transversal sobre o impacto psicossocial da quarentena numa amostra representativa da comunidade acadêmica (estudantes, servidores administrativos e docentes) por sexo e faixa etária (jovens, adultos e idosos). Será realizada uma análise descritiva das características sociodemográficas e das variáveis dos instrumentos de saúde mental, anteriormente descritos. Para as variáveis categóricas, os dados serão apresentados em proporções e as comparações intergrupos, por meio do teste qui-quadrado (χ2) de Pearson; a hipótese nula será rejeitada em um nível de p <0,05. Todas as análises serão realizadas utilizando o pacote estatístico Stata®, versão 12.
Resultados Esperados
Resultado 1: Colaborar com os formuladores de políticas da Universidade.
Resultado 2: Colaborar com os dados para atendimento psicossocial da comunidade universitária.
Resultado 3: Ampliar a oferta de serviços à comunidade acadêmica afetada.
Resultado 4: Mapear quais ocupações e atividades as pessoas da comunidade acadêmica estão mais engajadas e quais sofreram maior ruptura no período de isolamento social.
Área de Conhecimento
Subárea de Conhecimento
Há previsão de Orçamento proveniente na unidade acadêmica?
Não
Cronograma da Execução
Revisão de literatura: Abril, Maio, Junho e Julho de 2020
Submissão Comitê de Ética: Abril, Maio, Junho e Julho de 2020
Meta 1: Agosto e Setembro de 2020
Meta 2: Outubro e Novembro de 2020
Meta 3: Dezembro de 2020 e Janeiro de 2021
Meta 4: Fevereiro e Março de 2021
Tempo total de execução previsto
12