Informações
Nível de aprovação pela UnB
Aprovado pela UnB
Nome Completo do Proponente
Sílvia Maria Ferreira Guimarães
Matrícula UnB
1043081
Unidade acadêmica da UnB
guimaraes.silvia@gmail.com
Link Cúrriculo Lattes
Título da Proposta
Narrativas sobre a pandemia SARS-CoV2
Sumário Executivo da Proposta
Esta pesquisa pretende fazer um levantamento sobre as experiências de vivenciar uma epidemia no mundo contemporâneo a partir dos adoecimentos provocados pela SARS-CoV2 entre sujeitos e grupos periféricos (indígenas, quilombolas e pessoas que vivem nas periferias das grandes cidades), os quais são os parceiros e colaboradores das pesquisas que estão sendo desenvolvidas pelo laboratório Matula- Sociabilidades, Diferenças e Desigualdades. A proposta é fazer uma análise sobre as narrativas produzidas por esses sujeitos e coletivos a partir da experiência de viver, sentir e pensar sobre a atual pandemia. Pretende-se buscar nessas narrativas como a experiência de viver a pandemia se configura em um adoecimento, em estratégias de cuidado e reação à serviços e políticas de saúde. Para tanto, cada um dos pesquisadores irá desenvolver uma etnografia multi situada (Marcus, 1995), onde o campo se torna um contexto que explode e envolve os sujeitos com os quais iremos buscar suas narrativas sobre a pandemia, além de notícias nas mídias governamentais e outras que abarcam as vidas dos sujeitos.
Tipo da Proposta
Palavras-chave
narrativas, pandemia, grupos periféricos
Número de Integrantes da Equipe
16
Nome dos Integrantes da UnB
Sílvia Maria Ferreira Guimarães; Carlos Alexandre B. Plínio dos Santos; Cristiane de Assis Portela; Maryelle Inacia Morais Ferreira; Mariana Pereira da Silva; Welitânia de Oliveira Rocha; Carla Soavinski; Valdelice Veron; Braulina Aurora; Iury da Costa Felipe; Bárbara do Nascimento Dias; Jéssica Zaramella; Rosânia Oliveira do Nascimento; Yazmin Safatle; Aisha - Angéle Leandro Diéne; Joaquim Pedro Vasconcelos
Há integrantes externos à UnB?
Não
Nome dos integrantes externos a UnB
Possui apoio de Grupo de Pesquisa Certificado pela UnB no CNPq?
Sim
Nome/Link do Grupo de Pesquisa certificado no CNPq pela UnB
Matula-Sociabilidades, Diferenças e Desigualdades; http://www.dan.unb.br/dan-pesquisas/laboratorios
Público alvo
Análise do Contexto
A pandemia pelo novo coronavirus, SARS-CoV2, chegou ao Brasil, com primeiro caso notificado pelo Ministério da Saúde, em fevereiro deste ano. Em meio às contradições noticiadas por agentes governamentais, líderes religiosos e políticos e à letalidade que o vírus têm demonstrado, esta pesquisa pretende mapear as narrativas de grupos periféricos (povos indígenas, quilombolas, pessoas que vivem nas periferias das grandes cidades) sobre como eles estão vivenciando essa experiência pandêmica, sobre como se configura o adoecimento, estratégias de cuidado e percepções sobre serviços e políticas de saúde. Esta pesquisa será desenvolvida por professores e estudantes que compõem o laboratório "Matula-Sociabilidades, Diferenças e Desigualdade" - professores e estudantes de pós-graduação dos Departamentos de Antropologia e História da UnB.
Breve Fundamentação Teórica
A pandemia do coronavírus tem causado sofrimento social, nos termos de Kleinman, Das e Lock (1996), o qual resulta, somando ao adoecimento em si, das ações de poderes políticos, econômicos e institucionais sobre as pessoas e das respostas a problemas sociais vindo dos coletivos. Sob a categoria de sofrimentos social estão condições que abarcam campos distintos como saúde, bem estar, questões morais, legais e religiosas. Por sua vez, de acordo com esses autores, esses campos desestabilizam as categorias estabelecidas. Nesse sentido, o trauma, a dor e desordens que epidemias fazem crescer são condições de saúde e também são problemas políticos e culturais. No caso da pandemia do coranavírus, cabe analisarmos como os sujeitos e coletivos estão desenhando sua experiência de sofrimentos social, cabe refletirmos criticamente quando o sofrimento social se expande e pode vir de uma agenda de uma Estado ou estar em processos rotineiros de opressão ordinária, os quais arruinam conexões coletivas e intersubjetivas de experiências. O adoecimento é uma experiência contextual e relacional, as ciências socias advogam que não é possível isolá-lo como um estado biológico, mas requer uma análise que se enraiza na vida cotidiana, institucional e globalizada. Requer seguir as esteiras das narrativas produzidas por sujeitos e coletivos e fazer transparecer os processos racionais-técnicos e intervenções tecnológicas ou “tratamentos” que podem ser efetivos, mas também são respostas burocráticas para a violência social que podem intensificá-las. Nos termos desses autores, isso é causado pelo imprevisto efeito moral, econômico e de gênero de políticas e programas e ações que acabam por normalizar patologias sociais ou patologizar o psico-fisiológico do terror, o que no caso do Brasil, transparece no jogo político institucional que se instaura. Nos termos de Frankenberg (1993), a análise das narrativas dentro da complexidade de uma cultura ou uma organização social ajuda a revelar os processos em curso. Deve-se examinar as relações criadas entre linguagem e dor, imagem e sofrimento. A linguagem de desânimo, sofrimento, privação que não se parecem com as terminologias de politicas e programas acabam por melhor descrever o que está em jogo nas experiências humanas de catástrofes e de violência social estrutural e explicam melhor como o encontro de discursos globalizados e realidades sociais localizadas prolongam tragédias coletivas e individuais. Kleinman, Das e Lock (1996), afirmam que os comprometimentos a um tipo particular de modernidade (tecnológica, social e institucional) constroem dilemas morais e as práticas de ver a experiência social como “natural” e “normal” obscurece o “poder” na vida social. As narrativas poderão desvelar a permeabilidade entre bordas de moralidades locais, corporalidade afetadas e processos sociais mais amplos e evitar o perigo das separações artificiais e científicas. E trazer o vísivel do cotidiano que a espetacularização da mídia muitas vezes não é capaz de revelar. O foco nas narrativas vem do argumento de Byron (1994) que enfatiza o papel central da narrativa na constituição do adoecimento e sua experiência. Como as narrativas são culturalmente estruturadas, isso reflete ou dá forma a distintos modos da experiência vivida. Esse autor também relaciona história e experiência nas narrativas. Essas constroem eventos, fornecem para as experiências ou eventos seus sentidos, produzem o que entendemos como evento ou história da experiência. De acordo com esse autor, uma boa história relata eventos ou seleciona e organiza eventos em convenções sociais no que é significativo, assim é possível transitar do micro ao macro, da história local, cotidiana ao mundo globalizado. A narrativa é uma forma como a experiência é representada e recontada, os eventos têm uma forma coerente de ordem e significados. A narrativa descreve eventos de uma forma imitada e posicionada na perspectiva do presente e projeta nossas atividades e experiências no futuro, organizando nossos desejos e estratégias, direcionando para finais idealizados ou formas de experiências que nossas vidas ou experiências pretende preencher. A experiência vivida ou atividades sociais têm uma relação complexa com histórias que são recontadas. Para Byron (op. cit), significados são criados no adoecimento, como valores culturais e sociais, moldam a experiência do corpo e do adoecimento e situam o adoecimento em moralidades locais.
Objetivos e Metas
- analisar as narrativas produzidas por sujeitos e coletivos indígenas, quilombolas e pessoas/coletivos que vivem nas periferias das grandes cidades sobre como estão vivenciando a pandemia do coronavírus;
- analisar os contextos de produção de políticas públicas desses sujeitos/coletivos;
- analisar as informações que são produzidas nas mídias a partir de veículos de comunicação, lideranças políticas, religiosas e médicas
Metodologia
Este projeto busca por narrativas e os contextos de sua produção, portanto, é um campo ou etnografia multi-situada, nos termos de Marcus (1995), o qual é disperso de maneira epistêmica e geográfica, revelando um complexa arquitetural de onde se pretende buscar informações. O foco central serão as narrativas dos sujeitos, mas também informações disponibilizadas em diversas mídias, em tempos de múltiplas formas de expor fatos, falas e histórias. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que busca conceitos, representações e experiências do adoecimento. Por conseguinte, será realizada uma coleta de narrativas por meio variados. Num primeiro momento, da explosão da pandemia, essas narrativas serão coletadas via meio digital (apps, e-mails, conversas telefônicas). Num segundo momento, pós epidemia, serão realizadas entrevistas presenciais e idas a campo para “sentir” por meio da observação participante quais foram os efeitos da epidemia no ambiente local. Também serão coletadas informações sobre as políticas e serviços públicos que foram disponibilizados aos coletivos a partir das informações disponibilizadas pelos órgãos governamentais. E também serão coletadas informações na mídia (a partir de veículos de informações) sobre a situação desses coletivos a partir das narrativas produzidas e disponibilizadas por atores centrais. Após, a coleta de dados, esses serão distribuídos em eixos temáticos/ categorias temáticas, os quais serão analisados e serão produzidos textos analíticos.
Resultados Esperados
Compreender como sujeitos periféricos vivenciaram a pandemia do coronavírus, como criam estratégias de cuidado e como perceberam os serviços e políticas de saúde em suas vidas.
Área de Conhecimento
Subárea de Conhecimento
Há previsão de Orçamento proveniente na unidade acadêmica?
Não
Cronograma da Execução
Abril a Setembro – levantamento de dados e leitura de bibliografia sobre o tema
Novembro e Dezembro – análise e produção de textos.
Tempo total de execução previsto
8