Informações
Nível de aprovação pela UnB
Aprovado pela UnB
Nome Completo do Proponente
Analia Laura Soria Batista
Matrícula UnB
551490
Unidade acadêmica da UnB
analiasoria@unb.br
Link Cúrriculo Lattes
Título da Proposta
Gestão Penitenciária no Contexto de COVID-19. Dinâmica relacional entre gestores e internos no enfrentamento aos efeitos da pandemia nos presídios de Brasília/DF e Fortaleza/CE.
Sumário Executivo da Proposta
O presente projeto de pesquisa objetiva avaliar as ações de enfrentamento ao Coronavírus (COVID-19) que têm sido adotadas no sistema prisional com vistas à promoção de práticas de prevenção e de cuidado, sobretudo dos internos : presos e agentes penitenciários/agentes de segurança prisional/policiais penais. Para tanto, propõe-se analisar as práticas de gestão penitenciária no contexto da atual pandemia de COVID-19 que já assola o mundo e o país, focando a dinâmica relacional de negociações, acordos, enfrentamentos e tensões entre gestores e equipes multidisciplinares (profissionais de saúde, serviço social, psicologia etc.) que estabelecem os protocolos a serem seguidos pelos internos nos presídios de Brasília/DF e Fortaleza/CE.
A escolha destes dois lóci empíricos dá-se à possibilidade de comparar unidades prisionais caracterizadas por formas de (auto)gestão diferentes. No Distrito Federal, o governo tem iniciativa na gestão prisional conseguindo, ainda que aparentemente, manter o controle de seu complexo penitenciário. No Ceará, por sua vez, gangues prisionais intervêm explicitamente na administração dos presídios. A primazia da autoridade estatal na prisão, no caso do DF, ou o comando das gangues prisionais na dinâmica interna e externa dos/aos presídios, no caso do Ceará, constituem aspectos de gestão que precisam ser discutidos à luz das estratégias adotadas no enfrentamento aos efeitos da pandemia de COVID-19, as tensões e os acordos entre os atores envolvidos, os desdobramentos e efeitos destas dinâmicas relacionais na saúde dos presos, bem como dos agentes penitenciários/agentes de segurança prisional/policiais penais.
Tipo da Proposta
Palavras-chave
Palavras-chave: Gestão Penitenciária; Gangues Prisionais; Superlotação; COVID 19; Saude.
Número de Integrantes da Equipe
5
Nome dos Integrantes da UnB
Analia Laura Soria Batista, Departamento de sociologia UnB; Ximena Pamela Diaz Bermudez, Departamento de saude coletiva, UnB; Christina Zacksesqui, Direito, UnB; Welliton Caixeta Maciel, Direito,UnB; Marco Sloniak , Agente Penitenciario.
Integrarao tambem a equipe 4 alunos.
Há integrantes externos à UnB?
Sim
Possui apoio de Grupo de Pesquisa Certificado pela UnB no CNPq?
Sim
Nome/Link do Grupo de Pesquisa certificado no CNPq pela UnB
Laboratorio de estudos da violencia- LAB, UFC; Nucleo de Estudos daViolencia e Seguranca, Laboratorio de antropologia da saude e a doenca, LABAS.
Público alvo
Análise do Contexto
A população em situação de encarceramento e os servidores do sistema prisional constituem grupo de risco em face da pandemia de Coronavírus (COVID-19), exigindo isolamento a fim de evitar o contágio. No caso do Brasil, tal risco é potencializado devido à superlotação das unidades prisionais, bem como às condições de vida precária dos internos. Os agentes penitenciários/agentes de segurança prisional/policiais penais convivem no ambiente prisional junto aos detentos e, do ponto de vista da saúde, são expostos a riscos similares àqueles aos quais estão expostos os presos. Tais agentes representam o Estado brasileiro, responsável pela custódia dos detentos, vinculando-lhe a obrigação legal de zelar pelo bem-estar e saúde destes.
Em função da pandemia de COVID-19 ser um fato recente, inexistem estudos que tornem visível a situação de disseminação do vírus no sistema penitenciário brasileiro a fim de avaliar em que medida e como estão sendo aplicados os protocolos exigidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde, por exemplo, os quais devem ser seguidos pelas equipes multidisciplinares em um ambiente extremamente conflitivo e de tensões por natureza, devido às condições mencionadas anteriormente. Além da superlotação e da precariedade das unidades, soma-se ainda a presença e atuação de gangues prisionais que disputam a gestão e o autogoverno dos presídios.
Diante desse cenário, a contenção da propagação do vírus nas prisões brasileiras passa pela compreensão das dinâmicas relacionais entre os atores envolvidos no enfrentamento e na prevenção ao contágio pelo vírus, as práticas de gestão prisional características dos presídios, o comportamento dos presos e dos agentes penitenciários/agentes de segurança prisional/policiais penais. A análise minuciosa dessas relações e interações pode revelar os desafios impostos à mitigação de tais efeitos e o estabelecimento de práticas adequadas para lidar com a pandemia em ambiente de enclausuramento e encarceramento em massa.
Breve Fundamentação Teórica
Entre 2006 e 2016, realizei pesquisas em prisões do Distrito Federal e em Goiás. As descobertas discutidas em publicações científicas influenciaram na construção deste projeto focado nas possibilidades de mitigação da pandemia nos presídios a partir da perspectiva das formas de gestão prisional e dos dilemas que se colocam à aplicação dos protocolos de combate ao COVID-19.
Nessas pesquisas, identifiquei a presença de formas de gestão prisional diferentes no Distrito Federal e em Goiás, bem como dinâmicas relacionais entre presos e agentes prisionais, fundadas em negociações frágeis de enfrentamentos e desacordos em torno das formas de gestão prisional. O Estado impunha sua autoridade no Distrito Federal e a delegava aos presos em Goiás.
Propõe-se, agora, comparar prisões do Distrito Federal, caracterizadas pela primazia da autoridade estatal, e do Ceará, estado com grande disseminação do COVID-19, onde as prisões são comandadas por gangues que protagonizaram recentemente conflitos violentos para se opor à imposição da autoridade estatal.
Objetivos e Metas
Objetivos
a. Objetivo Geral
Identificar e analisar as relações e interações estabelecidas entre gestores, equipes multidisciplinares, agentes penitenciários/agentes de segurança prisional/policiais penais e presos, a partir dos protocolos de enfrentamento aos efeitos da pandemia de Coronavírus (COVID-19) nos presídios de Brasília/DF e Fortaleza/CE, visando à formulação de orientações práticas para mitigar sua propagação.
b. Objetivos Específicos
1. Analisar o material bibliográfico nacional e internacional relativo às estratégias de enfrentamento às doenças contagiosas em prisões;
2. Identificar e analisar protocolos implementados pelas equipes de saúde no enfrentamento ao COVID-19 nas prisões do Distrito Federal e do Ceará;
3. Mapear os conflitos entre gestores, equipes multidisciplinares e agentes penitenciários/agentes de segurança prisional/policiais penais, no DF e no CE;
4. Mapear os conflitos entre equipes multidisciplinares e presos no DF e no CE;
5. Mapear os conflitos entre presos e agentes penitenciários/agentes de segurança prisional/policiais penais no contexto da pandemia de COVID-19;
6. Identificar os principais obstáculos à contenção da pandemia nos presídios a partir da perspectiva das equipes multidisciplinares e dos agentes penitenciários/agentes de segurança prisional/policiais penais;
7. Identificar os principais obstáculos à contenção da pandemia nos presídios a partir da perspectiva dos presos;
8. Observar as práticas relacionadas à implementação dos protocolos adequados de vigilância sanitária dentro das unidades prisionais.
Metas
Elaboração de orientações de prevenção e de enfrentamento aos efeitos da pandemia de COVID-19 no sistema penitenciário, considerando os dilemas e desafios concretos das formas de gestão prisional.
Metodologia
Pesquisa qualitativa. Duas etapas: 1) Análise bibliografico (artigos, documentos, audiovisuais, matérias jornalísticas; 2) trabalho de campo, com observações em prisoes, entrevistas semiestruturadas e em profundidade, leitura de dossiês e prontuários.
Levantamento bibliográfico
Analise bibliográfica da gestão no sistema prisional do DF e do CE.
Análise bibliográfica do enfrentamento de doenças contagiosas nos presídios.
Análise de dados oficiais
Identificacao de dados oficiais da situação de disseminação do COVID-19 nos presídios do DF e do CE.
Entrevistas
Para identificação das dinâmicas relacionais entre gestores, equipes multidisciplinares, agentes penitenciários/agentes de segurança prisional/policiais penais e presos no DF e no CE, serão realizadas entrevistas semiestruturadas e em profundidade.
Resultados Esperados
Resultados Esperados
- Identificação do grau de disseminação do COVID-19 nos presídios estudados;
- Compreensão das relações entre formas de gestão prisional e possibilidades reais de enfrentamento da pandemia nos presídios;
- Visualização das melhores práticas de enfrentamento ao COVID-19 nas prisões;
- Elaboração de orientações práticas para mitigar a disseminação do vírus nas prisões.
Área de Conhecimento
Subárea de Conhecimento
Há previsão de Orçamento proveniente na unidade acadêmica?
Não
Cronograma da Execução
Atividades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Revisão Bibliográfica x x
Coleta de documentos oficiais. x x
Coleta de vídeos e de matérias de jornais. x x
Construção de roteiros de entrevistas. x
Realização de entrevistas x x x
Análise das informações coletadas x x x x
Elaboração do Relatório da pesquisa x x
Elaboração de orientações práticas x x
Tempo total de execução previsto
12
Categoria do Projeto
Ações para categorias vulneráveis | Aspectos sociais, econômicos e ambientais