Efeitos de uma estratégia de tele-reabilitação sobre a qualidade de vida de pacientes com DP, durante o período de pandemia da Covid-19

Sumário Executivo da Proposta

Devido ao risco de contaminação pelo novo Coronavírus, as autoridades de saúde nacionais e internacionais orientam à população, sobretudo àquela parcela a partir dos 60 anos de idade, a permanecer em casa como uma medida para limitar a exposição das pessoas ao vírus, além de recomendar modificações comportamentais na tentativa de reduzir a exposição e a transmissão do vírus. As restrições impostas interromperam ou limitaram, inevitavelmente, a realização das atividades de vida diária das pessoas, principalmente daquelas que necessitam deslocar-se para centros de reabilitação, como é o caso de pessoas com Doença de Parkinson (DP). Embora ficar em casa seja o mais seguro no momento, essa medida resulta em consequências negativas não intencionais e riscos para a saúde das pessoas com DP, como a redução da prática de atividade física, o que pode agravar as condições de saúde dessa população, sobretudo em relação à piora dos sinais típicos da doença como rigidez, bradicinesia, instabilidade postural e tremor. Diante das recomendações das autoridades sanitárias pelo confinamento em casa, faz-se necessário o estabelecimento de medidas que minimizem o impacto da redução da possibilidade de prática de exercícios direcionados para as pessoas com DP, que promovam a prevenção dos danos causados pela inatividade física, como declínio funcional e diminuição da qualidade de vida (QV).
Atualmente, os tratamentos para a DP consistem em medidas farmacológicas, cirúrgicas e terapias não farmacológicas, que podem diminuir a gravidade de muitos sinais e sintomas. Os exercícios são benéficos na DP já tendo sido demonstrada a relação com melhora da qualidade de vida nessa população. Há evidências consistentes de que indivíduos com DP, que participam de intervenções estruturadas com exercícios, mostram melhorias na QV e que existe relação do sedentarismo com limitações de mobilidade e comprometimento cognitivo.

A Doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa, crônica e progressiva que afeta o sistema nervoso central, alterando as funções motoras e os processos cognitivos, gerando sintomas como o tremor em repouso, acinesia, rigidez articular, instabilidade postural, bradicinesia, distúrbios
emocionais e do sono, declínio cognitivo, entre outros1
Estudos anteriores fornecem evidências que apoiam os benefícios a curto prazo do exercício para melhorar a qualidade de vida2, função cognitiva3 e gravidade dos sintomas em pessoas com DP4. Além disso, intervenções com exercícios na DP melhoram a força, a mobilidade e a marcha, o equilíbrio 5,6.

Objetivos e metas

Avaliar os efeitos de uma abordagem de orientação de exercícios cognitivo-motores baseada em telereabilitação (ou telemonitoramento) sobre a qualidade de vida, nível de satisfação e adesão de pacientes com DP. A abordagem será realizada por meio da orientação de grupos de exercícios cognitivo-motores selecionados entre os disponíveis em um aplicativo para celular/computador (https://vedius-brasil.firebaseapp.com), de acesso restrito aos usuários. Os exercícios selecionados serão disponibilizados a pacientes com DP e seus cuidadores, durante o período em que perdurar a quarentena relacionada à pandemia decorrente da COVID-19. A equipe do projeto se manterá continuamente à disposição dos pacientes e cuidadores para dirimir quaisquer dúvidas que possam surgir durante a execução dos exercícios.

Metodo
Estudo clínico longitudinal quasi-experimental. Cinquenta pacientes com DP, participantes do projeto de extensão “Jogando contra o Parkinson”, da FCE/UnB, receberão a intervenção. Esta será composta por exercícios que serão enviados semanalmente por meio do aplicativo Vedius®, aos smartphones dos pacientes do projeto. O aplicativo disponibilizará vídeos explicativos, orientações e número de repetições dos exercícios, que deverão ser seguidos pelos pacientes. A autopercepção de qualidade de vida, o nível de satisfação e a adesão, serão avaliados no início do programa e semanalmente, telefonicamente, por meio da Parkinson´s Disease Questionannaire (PDQ-39), Escala de Motivação à Prática de Atividades Físicas Revisada (MPAM-R), o número de sessões realizadas na semana.