Informações
Nível de aprovação pela UnB
Aprovado pela UnB
Nome Completo do Proponente
Francisco de Assis Rocha Neves
Matrícula UnB
150223
Unidade acadêmica da UnB
nevesfar@gmail.com
Link Cúrriculo Lattes
Título da Proposta
Diagnóstico e epidemiologia da COVID-19 no Distrito Federal, na população do Sistema Único de Saúde (SUS), em particular nos pacientes com doença renal crônica em hemodiálise.
Sumário Executivo da Proposta
De acordo com o Ministério da Saúde, até o momento, o número de casos de COVID-19 no Brasil já atingiu 4.256 e provocou 136 óbitos. No Distrito Federal, segundo o Boletim Epidemiológico de 29 de março de 2020, o número de casos confirmados era de 298, sendo que desde total, 31 pacientes se encontravam hospitalizados e foi registrado 1 óbito. A expectativa é que esse número aumente de forma exponencial nas próximas 4 a 8 semanas. Diante desse cenário, o presente projeto tem como principais objetivos, aumentar o número de testes diagnósticos para atender pacientes do SUS e realizar o estudo epidemiológico dessa doença no Distrito Federal, em especial da população com doença renal crônica que está em hemodiálise. Trata-se de um projeto de pesquisa e de serviço tecnológico que tem previsão de execução em 24 meses. É coordenado pelo Prof. Dr. Francisco de Assis Rocha
Neves e reúne mais 9 integrantes, incluindo profissionais do Laboratório de Farmacologia Molecular da Faculdade de Ciências as Saúde da Universidade de Brasília (FarMol-FS-UnB), Área de Morfologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (Morfologia FM-UnB), Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (LACEN-DF) e Sabin Medicina Diagnóstica-Brasília. Para aumentar o número de testes diagnósticos, este projeto propõe a implantação, no FarMol-FS-UnB, de estação de trabalho para extração de ácido nucleico e detecção molecular do SARS-CoV-2 por PCR quantitativa em tempo real. Com essa estrutura, o FarMol-FS-UnB poderá realizar aproximadamente 288 testes por dia, aumentando consideravelmente a quantidade de testes destinados ao atendimento da demanda do SUS, minimizando a sobrecarga do LACEN-DF, que atualmente tem infraestrutura para realizar 320 testes ao dia. As amostras de secreção respiratória provenientes das diversas unidades de saúde do SUS do Distrito Federal, coletadas com swab estéril e armazenadas em solução salina, serão processadas no LACEN-DF e FarMol-FS-UnB, onde a extração do ácido nucleico viral e a reação de PCR serão preparadas com kits apropriados e realizadas de acordo com as recomendações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças e Organização Mundial da Saúde. Para a realização do estudo epidemiológico, será elaborado um formulário para a coleta de dados, que permita determinar o perfil epidemiológico dos casos de COVID-19 atendidos pelo SUS no Distrito Federal, a partir da análise da história natural da doença no Distrito Federal, sua forma de disseminação e evolução, incluindo distribuição geográfica, tendência temporal, intensidade da transmissibilidade, características clínicas, grupos de riscos, complicações e gravidade clínica. Além disso, esse estudo pretende investigar a prevalência da COVID-19 na população do Distrito Federal com doença renal crônica que realiza hemodiálise pelo SUS. Esses 1.300 pacientes representam um grupo de risco importante pois, em sua grande maioria, além de já apresentarem fatores de risco como hipertensão arterial e diabetes tipo 2, não podem ser isolados em quarentena, já que necessitam sair de suas residências para realizar hemodiálise pelo menos três vezes por semana. Essas informações poderão servir de subsídio para definir estratégias de prevenção e controle da COVID-19 no Distrito Federal, bem como de outras doenças infecciosas com potencial epidêmico que possam surgir no futuro. Soma-se ainda a integração do FarMol-FS-UnB à estrutura de diagnóstico do LACEN/SUS do Distrito Federal.
Tipo da Proposta
Palavras-chave
COVID-19, SARS-CoV-2, diagnóstico, epidemiologia, doença renal crônica terminal, hemodiálise
Número de Integrantes da Equipe
10
Nome dos Integrantes da UnB
Francisco de Assis Rocha Neves (FS-UnB), Fabiano José Queiroz Costa (LACEN-DF), Gustavo Barra (Sabin Medicina Diagnóstica), Flora Aparecida Milton (FM-UnB), Maria de Fátima Borin (FS-UnB), Sidney Alcântara Pereira (FS-UnB), Caroline Lourenço de Lima (FS-UnB), Ticiane Henriques Santa Rita (Sabin Medicina Diagnóstica), Pedro Góes Mesquita (Sabin Medicina Diagnóstica), Kathlen Deruci Rodrigues (FS-UnB)
Há integrantes externos à UnB?
Sim
Possui apoio de Grupo de Pesquisa Certificado pela UnB no CNPq?
Sim
Nome/Link do Grupo de Pesquisa certificado no CNPq pela UnB
Laboratório de Farmacologia Molecular da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (FarMol-FS-UnB), Área de Morfologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (Área de Morfologia FM-UnB), Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (LACEN-DF) / http://lacendf.saude.df.gov.br/lacen-df, Sabin Medicina Diagnóstica-Brasília / https://www.sabin.com.br/
Público alvo
Análise do Contexto
Em 31 de dezembro de 2019, um conjunto de novos casos de síndrome respiratória aguda grave (SARS, do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome), foi relatado em Wuhan, China (1) e dias depois, em 9 de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou a circulação do novo coronavírus. No dia seguinte, pesquisadores chineses sequenciaram o novo coronavírus denominado SARS-CoV-2 (2) e a doença foi oficialmente nomeada pela OMS como doença do coronavírus 2019 (COVID-19).
O SARS-CoV-2 é um β-coronavírus, com alta transmissibilidade e infecciosidade, apesar da baixa letalidade quando comparado a agentes causadores de outras SARS (3). O intervalo médio de incubação da infecção é de 5,2 a 12,5 dias (3, 4). A suscetibilidade é geral e a transmissibilidade dos pacientes infectados é, em média, de 7 dias após o início dos sintomas, mas pode ocorrer sem o aparecimento dos mesmos (5, 6). O espectro clínico da infecção pode variar de resfriado até pneumonia severa e as complicações ocorrem principalmente em pacientes acima de 60 aos de idade, que apresentam
comorbidades, tais como, diabetes, hipertensão e doenças renais e respiratórias crônicas (7, 8, 9).
O primeiro caso de COVID-19 fora da China foi notificado em 16 de janeiro em território japonês e, logo após, diversos países já haviam confirmado importações de casos, incluindo Estados Unidos, Coréia do Sul e alguns países da Europa (10). Em 30 de janeiro, a OMS declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) em razão da disseminação do coronavírus
(11) e algumas semanas depois, em 11 de março, o mesmo órgão classificou a COVID-19 como uma pandemia (12). Desde então, o vírus está circulando em todos os continentes, com exceção da Antártida, e há ocorrência de casos assintomáticos e oligossintomáticos, o que dificulta sua identificação. De acordo com a OMS, até 30 de março de 2020, foram confirmados 638.146 casos no mundo, acometendo 202 países e 30.039 óbitos.
No Brasil, em 22 de janeiro de 2020, foi implementado o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública para o novo Coronavírus (COE- nCoV) e a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) investigou o primeiro caso suspeito de COVID-19 em Minas Gerais (13). Dias depois, em 3 de fevereiro, o Ministério da Saúde (MS) declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) e até o dia 21 de fevereiro, a SVS recebeu a notificação de 154 casos para investigação (14). Em 26 de fevereiro, o MS confirmou o primeiro caso de COVID-19 em São Paulo, sendo o paciente um homem de 61 anos, com histórico de viagem à Itália (15). Desde então, a divulgação de dados de casos suspeitos, confirmados e descartados ocorre diariamente por meio da Plataforma Integrada de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (IVIS, endereço eletrônico: http://plataforma.saude.gov.br/novocoronavirus/). De acordo com a IVIS, até 30 de março, foram confirmados 4.256 casos no Brasil, acometendo todos os estados da federação e 136 óbitos.
No dia 28 fevereiro, entrou em atividade o Centro de Operações de Emergência para o novo Coronavírus no Distrito Federal (DF) (COE-Covid-19- DF), uma estrutura operacional para gerenciamento da epidemia mundial (16). Uma das funções do COE-Covid-19-DF, é o monitoramento diário dos casos suspeitos detectados no Distrito Federal e a adoção das medidas indicadas. No dia 05 de março, o primeiro caso de Covid-19 foi confirmado no Distrito Federal, sendo a paciente uma mulher de 52 anos de idade, com histórico de viagem
recente ao Reino Unido (17). Desde então, segundo o último boletim informativo do COE-Covid-19-DF, publicado dia 29 de março, já foram confirmados 298 casos no DF, sendo 31 hospitalizados e 1 óbito.
Diante desse contexto, diversas medidas têm sido adotadas para desacelerar a disseminação do SARS-CoV-2, evitando picos de infecções e sobrecarga do sistema de saúde. Nesse sentido, uma das medidas mais importantes que devem ser adotadas é o diagnóstico da COVID-19 (18). Os exames diagnósticos permitem rastrear o vírus, entender sua epidemiologia, avaliar resultados do manejo dos casos e conter a sua propagação (19).
Entre os países que priorizaram o diagnóstico da COVID-19 nos estágios iniciais da pandemia destaca-se a Coreia do Sul (20). O país é o que realiza mais testes em números absolutos (15 mil por dia), testando inclusive pessoas assintomáticas, grupo que parece ser um dos disseminadores da doença (21). Com a testagem em massa, acredita-se que o número de casos positivos esteja muito próximo do número real de pessoas infectadas. A abordagem da Coreia do Sul de identificação e isolamento precoce dos casos, aliada ao rastreamento, testagem e isolamento dos contatos recentes foi fundamental para interromper as cadeias de transmissão local. Combinada ao distanciamento social, essas medidas se mostraram eficientes em reduzir o número de casos da doença nesse país, desacelerando a expansão da pandemia e achatando sua curva epidemiológica (18, 22).
Outros países e territórios asiáticos, como Cingapura, Hong Kong e Taiwan têm obtido resultados positivos com estratégias parecidas. Além disso, mesmo a China, epicentro da pandemia e que presenciou um acentuado aumento no número de casos em poucas semanas, também vem conseguindo, de forma eficiente, limitar a disseminação e transmissão local, após a adoção de medidas de intervenção que incluem o aumento do número de testagem associado à restrição drástica de mobilidade social (23). Diante desse cenário, o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva de impressa, no dia 16 de março de 2020, passou a recomendar a testagem do maior número de casos suspeitos possível, aliada ao isolamento dos casos confirmados e rastreamento de contatos (24).
Na Europa, em sintonia com as recomendações da OMS, a Alemanha é um exemplo bem sucedido de que o grande volume de testes e o respeito ao
isolamento social são fatores que contribuem para diminuir consideravelmente a taxa de mortalidade pela COVID-19. De forma similar, o Reino Unido tem realizado uma quantidade muito maior de testes que os outros países europeus, com um número equivalente de casos confirmados (18).
O método mais utilizado até o momento para o diagnóstico da COVID-19, considerado o padrão-ouro, conciliando alta sensibilidade e especificidade, é a reação em cadeia da polimerase (Polymerase Chain Reaction-PCR) quantitativa em tempo real, que permite identificar o material genético do SARS-CoV-2 em amostras de secreção respiratória (25). O primeiro teste de PCR para diagnóstico da COVID-19 foi desenvolvido com apenas duas semanas após a identificação da doença (18) e agora é parte do protocolo recomendado pela OMS para o manejo da COVID-19, sendo a principal forma de diagnóstico recomendada (19).
Como parte do Plano Estratégico de Preparação e Resposta frente à pandemia da COVID-19 e, considerando que a transição de casos esporádicos para a transmissão comunitária pode ser extremamente rápida, a OMS recomenda, entre outros, que todos os países se antecipem ao aumento do número de casos e ampliem sua estrutura para realização de testes diagnósticos, por exemplo, descentralizando a realização dos testes por meio do engajamento de laboratórios privados e acadêmicos (26). Essa estratégia permitirá tomar mais rapidamente as medidas necessárias de isolamento e contenção, reduzindo a transmissão da COVID-19 e minimizando os impactos econômicos e sociais.
Outro fato importante para o sucesso da Coréia do Sul na estabilização do número de casos da COVID-19, é que esse país enfrentou recentemente a Middle East respiratory syndrome coronavirus (MERS-CoV), mostrando que o conhecimento epidemiológico de doenças similares pode ajudar na adoção de estratégias de contenção de epidemias de forma rápida e eficaz (27). Por outro lado, os países que adotaram medidas tardias para a contenção da COVID-19 estão enfrentando colapso em seus sistemas de saúde, tendo muitas vezes que priorizar os pacientes que receberão atendimento. É o caso da Itália e de outros países da Europa, que apresentam, no momento, um dos maiores números de casos de COVID-19, com altas taxas de mortalidade quando comparados a outros países com níveis similares de infecção (28, 29, 30).
No Brasil, apesar do MS ter criado o COE-nCoV e declarado Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional, os estados da federação têm seguido linhas similares, mas não idênticas no que diz respeito aos seus planos de ação contra a pandemia COVID-19. A maioria dos estados adotaram rapidamente medidas de isolamento social, tais como o fechamento de escolas e universidades, bancos e estabelecimentos de comércios não essenciais e direcionaram seus sistemas de saúde para atender a epidemia. No entanto, a grande dificuldade da SVS, nesse momento, e que também é um problema mundial, é aumentar o fornecimento de insumos, equipamentos e pessoal especializado para ampliar a capacidade de diagnóstico e monitorar de forma mais eficiente a evolução da COVID-19. Nesse sentindo, o presente projeto tem como um dos objetivos aumentar o número de testes diagnósticos para atender pacientes do SUS a partir de uma estrutura de parceria entre o laboratório de Farmacologia Molecular da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (FarMol-FS-UnB), o Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (LACEN-DF) e Sabin Medicina Diagnóstica-Brasília.
O governo do DF tem seguido os direcionamentos federais a respeito do enfrentamento da COVID-19 e, além disso, está estabelecendo parcerias, como por exemplo, com a Universidade de Brasília (UnB), para ampliar sua capacidade de atender a população no que se refere a diagnóstico, prevenção, assistência e pesquisa relacionados à COVID-19.
Outra questão importante desse projeto é a análise da prevalência e do impacto da COVID-19 na população com doença renal crônica (DRC) que realiza hemodiálise em unidades do SUS no Distrito Federal. Dados recentes demonstraram que o Brasil possui aproximadamente 130 mil pacientes em tratamento dialítico, sendo que 42,6% desse total apresenta mais de 45 anos de idade e 34,3%, mais de 65 anos de idade (31). Atualmente, o Distrito Federal possui aproximadamente 1.300 pacientes realizando hemodiálise pelo SUS. Estudos epidemiológicos em pacientes em hemodiálise nos Estados Unidos, demonstram que entre 72 a 88% apresenta hipertensão arterial sistêmica (32). Soma-se ainda, que o diabetes tipo 2 e a hipertensão arterial são as principais causas de doença renal crônica que levam os pacientes a necessitarem de hemodiálise (33).
Os pacientes que realizam hemodiálise necessitam de, no mínimo três sessões por semana, sair de sua residência e se dirigir à unidade de hemodiálise. Para isso, vários deles utilizam transporte público. Assim, além de pertenceram ao grupo de risco por serem, em sua maioria idosos e frequentemente apresentarem hipertensão arterial e diabetes, esses pacientes não podem ser isolados ou submetidos à quarentena, o que os torna uma população muito vulnerável ao contágio pelo SARS-CoV2. Outra questão que também precisa ser investigada, é se a COVID-19 tem um desfecho clínico mais grave nesses pacientes.
Nesse sentido, a presente proposta representa um mecanismo para o Distrito Federal ampliar sua capacidade de infraestrutura física, equipamentos, insumos e pessoal especializado para a realização de exames diagnósticos da COVID-19, melhorando assim, o atendimento da população, considerando que o diagnóstico precoce é essencial para reduzir as taxas de transmissão e de letalidade da COVID-19. Além disso, o estudo epidemiológico detalhado da real condição da COVID-19 no Distrito Federal servirá de subsídio para definir estratégias de prevenção e controle da doença, não somente no presente, mas também em caso de futuras epidemias causadas pelo mesmo agente ou por outros agentes que apresentem características epidemiológicas similares. Finalmente, a avaliação da extensão e do impacto da COVID-19 nos pacientes em hemodiálise trará novas informações sobre o risco dessa população em adquirir a infecção e qual o impacto clínico dessa patologia em sua evolução clínica. A soma dessas ações fortalecerá a interação entre a Universidade de Brasília e o LACEN-DF no enfretamento de ameaças à saúde da população do Distrito Federal.
Breve Fundamentação Teórica
No mundo, 710.918 casos de COVID-19 foram identificados, destes 33.551 evoluíram para óbito. No Brasil, 4.256 casos e 136 mortes foram registrados, sendo 298 casos no DF, incluindo 1 óbito. Esses números refletem apenas parte do total de infecções, devido à subnotificação pela ausência de diagnóstico. O diagnóstico é fundamental para definir a conduta clínica, principalmente para grupos de risco, incluindo pacientes em hemodiálise, que em função de sua condição e da necessidade de realizar sessões 3X/semana, são muito vulneráveis pois não podem ser isolados. Além disso, o diagnóstico é crucial para contenção da transmissão. Assim, o objetivo desse estudo é estabelecer uma parceria entre os laboratórios FarMol-UnB, LACEN-DF e Laboratório Sabin para ampliação do diagnóstico e estudo epidemiológico da COVID-19 no SUS- DF, e avaliar aspectos epidemiológicos, assim como a prevalência e o impacto da doença nos hemodialisados, contribuindo para o enfrentamento deste e de novos surtos epidêmicos no DF.
Objetivos e Metas
Objetivo geral:
Contribuir para a ampliação do diagnóstico e realizar o estudo epidemiológico da COVID-19 no Distrito Federal, em especial da população com doença renal crônica que está em hemodiálise.
Objetivos específicos:
- Estabelecer uma estrutura de parcerias entre o Laboratório de Farmacologia Molecular da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (FarMol-FS-UnB), Área de morfologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (LACEN-DF) e o Sabin Medicina Diagnóstica-Brasília, de modo a contribuir para o enfrentamento deste e de novos surtos epidêmicos no Distrito Federal;
- Implementar, com assessoria de membros do grupo de pesquisa do Sabin Medicina Diagnóstica-Brasília, estação de trabalho para processamento das amostras provenientes do SUS, extração de ácidos nucleicos e realização da PCR quantitativa em tempo real, no FarMol-FS-UnB;
- Implementar protocolo de detecção molecular para COVID-19 no laboratório FarMol-FS-UnB, seguindo as recomendações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças e Organização Mundial da Saúde;
- Realizar o diagnóstico molecular da COVID-19, por meio da identificação do SARS-CoV-2 por PCR quantitativa em tempo real, contribuindo para aumentar os testes diagnósticos dos pacientes atendidos pelo SUS;
- Elaborar um formulário para a coleta de dados epidemiológicos de todos os pacientes atendidos pelo SUS;
- Determinar o perfil epidemiológico dos casos de COVID-19 atendidos pelo SUS no Distrito Federal, descrevendo as características sociodemográficas e clínicas dos pacientes, bem como o desfecho da doença;
- Investigar a prevalência de infecção e o impacto da COVID-19 no desfecho clínico relacionado à morbidade e mortalidade de pacientes com doença renal crônica que estão em hemodiálise em unidades do SUS.
Nossas metas são contribuir para o atendimento da demanda por exames diagnósticos da COVID-19, durante a epidemia dessa doença e realizar o estudo da sua epidemiologia no Distrito Federal. O diagnóstico rápido e preciso é
imprescindível para a prestação ágil e eficiente de cuidados aos pacientes acometidos pela COVID-19. Atualmente, o LACEN-DF possui infraestrutura para realizar 320 testes ao dia. Contudo, além dos exames diagnósticos para a COVID-19, também são realizados nos mesmos equipamentos e pela mesma equipe profissional, testes para outras doenças como hepatites, HIV, dengue, zika e chikungunya, o que inevitavelmente, reduz a capacidade de diagnóstico da COVID-19. Com a implantação de uma estação de trabalho no FarMol-FS- UnB, poderíamos realizar 288 testes por dia, aumentando consideravelmente a quantidade de testes voltados para o atendimento da demanda do SUS.
O estudo epidemiológico da COVID-19 poderá contribuir para a identificação da origem e perfil de evolução da epidemia no Distrito Federal, informações essenciais para o planejamento de estratégias que possam evitar fenômenos semelhantes futuros. Esse estudo é particularmente importante para os pacientes com doença renal crônica terminal do SUS que estão em hemodiálise. Essa parcela da população, apesar de ser considerada de alto risco, por apresentar comumente hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia e diabetes, não pode ser isolada em quarentena individual ou familiar, pois necessita comparecer três vezes por semana à clínica de hemodiálise, uma vez que o tratamento dialítico não pode ser interrompido. Dessa forma, essa população está muito mais exposta à infecção pelo SARS-CoV-2 comparados aos demais pacientes portadores de doenças crônicas.
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Metodologia
Detecção molecular do SARS-CoV-2
Amostras de secreção respiratória, previamente coletadas com swab estéril e armazenadas em solução salina, serão processadas no LACEN-DF e FarMol- FS-UnB. A extração do ácido nucleico viral e a reação de RT-qPCR serão preparadas com kits apropriados e a PCR será realizada seguindo recomendações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças e Organização Mundial da Saúde.
Estudo epidemiológico da COVID-19
Os dados para o estudo epidemiológico serão coletados em formulário que permita identificar as características sociodemográficas e clínicas dos pacientes, incluindo aqueles com doença renal crônica em hemodiálise, bem como o desfecho da doença nessa população.
Resultados Esperados
A curto prazo, com este trabalho, espera-se implementar estação de trabalho no Laboratório de Farmacologia Molecular da Faculdade de Ciências da Saúde, da Universidade de Brasília (FarMol-FS-UnB), que possa colaborar diretamente, como uma alternativa de suporte, com o Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (LACEN-DF) na detecção molecular do vírus SARS-CoV-2. Espera-se igualmente, uma ampliação do número de testes diagnósticos realizados, contribuindo para reduzir as filas de exames, diminuindo o tempo de espera para confirmação do diagnóstico e minimizando a sobrecarga no LACEN- DF. A ampliação do número de casos diagnosticados contribuirá também para a redução da subnotificação, permitindo uma descrição mais completa da extensão da epidemia, além de nortear estratégia de atendimento aos pacientes positivos e contenção adequada da doença.
A longo prazo, a organização de uma estrutura de parcerias entre o FarMol-FS- UnB, o LACEN-DF e o Sabin Medicina Diagnóstica-Brasília, poderá constituir mais uma estratégia para o enfrentamento de novos surtos epidêmicos no Distrito Federal.
Com o estudo epidemiológico dos casos diagnosticados pelo SUS, espera-se uma melhor compreensão e caracterização da história natural da doença COVID-19 no Distrito Federal, sua forma de disseminação e evolução, incluindo distribuição geográfica, tendência temporal, intensidade da transmissibilidade, características clínicas, grupos de riscos, complicações e gravidade clínica. Ademais, esse estudo permitirá a investigação do impacto da infecção pelo SARS-CoV-2 na população com doença renal crônica terminal do SUS que está em hemodiálise, tanto na sua prevalência, quanto nos seus desfechos sobre a morbidade e mortalidade. Por fim, espera-se que esta pesquisa possa servir de subsídio para definir estratégias de prevenção e controle da COVID-19 no
Distrito Federal, bem como de outras doenças infecciosas com potencial epidêmico que possam surgir no futuro.
Área de Conhecimento
Subárea de Conhecimento
Há previsão de Orçamento proveniente na unidade acadêmica?
Sim
Valor da previsão de financiamento da unidade
O Laboratório de Farmacologia Molecular da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (FarMol-FS-UnB), conta com infraestrutura adequada para viabilização do projeto. O laboratório possui uma área de aproximadamente 250 m2, incluindo uma sala de cultivo celular e duas salas destinadas para realização de experimentos de extração de ácidos nucleicos e PCR, que são adequadas para implantação da estação de trabalho para processamento das amostras de casos suspeitos para COVID-19 e detecção molecular do SARS-CoV-2 por PCR quantitativa em tempo real. Além disso, o laboratório dispõe de pessoal técnico capacitado para a realização de todas as etapas necessárias para a execução do projeto.
O patrimônio aproximado do FarMol-FS-UnB é de R$ 9.650.000,00 e entre os seus equipamentos podem ser citados:
Termociclador para PCR em tempo real StepOnePlusTM Real-Time PCR System;
Termocicladores para PCR convencional;
Espectrofotômetro NanoVue;
Espectrofotômetro Modelo UV/Visível com cinética;
Centrífugas refrigeradas e microcentrífugas;
Agitadores vórtex;
Balanças analítica e de precisão;
Ultrafreezers -80°C, freezers -20ºC e -30 ºC e geladeiras;
Máquina de gelo com depósito;
Sistema de purificação de água – Mili Q;
Autoclaves verticais;
Cabines de segurança biológica Classe A2;
Capelas de exaustão química;
Incubadoras de CO2;
Fotodocumentador Amersham Imager 600QC;
Estação de trabalho de pipetagem automática epMotion® 5070;
Microscópio binocular Zeiss;
Shaker incubador;
Luminômetros;
Liofilizador;
Ademais, a Universidade entra com a contrapartida dos salários dos docentes envolvidos no projeto, além das agências de fomento, CAPES e CNPq, que financiam bolsas dos alunos e pesquisadores. Por fim, a Universidade possui acesso à biblioteca, periódicos Capes e outras fontes de pesquisa que estão disponíveis a todos os estudantes e pesquisadores.
Considerando a estrutura existente, o financiamento solicitado nesse projeto será destinado à aquisição de equipamentos para utilização em parceria com o LACEN-DF e para instalação no FarMol-FS-UnB, além de kits, reagentes e materiais de consumo descartáveis para a extração do ácido nucleico viral e realização da PCR quantitativa em tempo real, a fim de identificar ou descartar a presença do SARS-CoV-2 em amostras de secreção respiratória de pacientes atendidos pelo SUS no Distrito Federal. Os equipamentos que serão utilizados em parceria com o LACEN-DF compreendem um sistema automatizado para extração do ácido nucleico viral e realização da PCR quantitativa em tempo real, um espectrofotômetro para quantificação do ácido nucleico viral e uma cabine de segurança biológica classe II, tipo B2. Para a implantação da estação de trabalho no FarMol-FS-UnB serão necessários uma cabine de segurança biológica classe II, tipo B2, um sistema automatizado para extração do ácido nucleico viral, um espectrofotômetro para quantificação ao ácido nucleico viral e dois equipamentos de PCR quantitativa em tempo real. Além disso, serão necessários pipetadores automáticos, micropipetas automáticas, pipetas de repetição e óculos de proteção.
Além dos equipamentos, o financiamento será destinado à compra de reagentes, tais como kits para isolamento do RNA viral e realização da PCR quantitativa em tempo real, além de materiais descartáveis tais como microplacas de PCR, filmes selantes para microplaca, microtubos livre de nucleases, ponteiras com filtro, equipamentos de proteção individual, álcool etílico 70% e álcool em gel 70%.
A previsão de financiamento para viabilização integral desse projeto é de R$ 1.500.000,00
Cronograma da Execução
Tempo previsto: 24 meses – abril/2020 – abril/2022 Etapas/Duração da etapa em meses
1. Etapa 1: Levantamento bibliográfico
Tempo de duração da etapa: 18 meses (abril/2020 – setembro/2021)
2. Etapa 2: Implementação da estação de trabalho no laboratório FarMol para processamento e testagem das amostras dos casos suspeitos para COVID- 19
Tempo de duração da etapa: 3 meses (abril/2020 – junho/2020)
3. Etapa 3: Processamento e testagem das amostras dos casos suspeitos para COVID-19
Tempo de duração da etapa: 12 meses (abril/2020 – março/2021)
4. Etapa 4: Notificação dos casos confirmados e descartados Tempo de duração da etapa: 12 meses (abril/2020 – março/2021)
5. Etapa 5: Elaboração da ferramenta de coleta dos dados epidemiológicos (formulário)
Tempo de duração da etapa: 2 meses (abril/2020 – maio/2020)
6. Etapa 6: Coleta dos dados epidemiológicos
Tempo de duração da etapa: 16 meses (junho/2020 – setembro/2021)
7. Etapa 7: Tratamento e análise dos dados
Tempo de duração da etapa: 3 meses (outubro/2021 – dezembro/2021)
8. Etapa 8: Elaboração do relatório técnico-científico final
Tempo de duração da etapa: 3 meses (dezembro/2021 – fevereiro/2022)
9. Etapa 9: Revisão do relatório técnico-científico Tempo de duração da etapa: 1 mês (março/2022)
10. Apresentação do relatório técnico-científico final Data prevista: abril/2022
Tempo total de execução previsto
24