Informações
Nível de aprovação pela UnB
Aprovado pela UnB
Nome Completo do Proponente
Thais Alves da Costa Lamounier
Matrícula UnB
1066897
Unidade acadêmica da UnB
lamounierthais1@gmail.com
Link Cúrriculo Lattes
Título da Proposta
DESENVOLVIMENTO DE MÉTODO PARA RECUPERAÇÃO E DETECÇÃO DE SARS-CoV-2 EM MATRIZES AQUÁTICAS PARA FINS DE MONITORAMENTO AMBIENTAL
Sumário Executivo da Proposta
A pandemia atual de “doença por coronavírus em 2019” (COVID-19) causada pelo SARS-CoV-2 foi declarada emergência global pela Organização Mundial de Saúde (O.M.S) em janeiro de 2020. O número de casos mundiais de COVID-19 é superior a 720.000 com mais de 33.000 mortes, atingindo 177 países/regiões (Dados: https://coronavirus.jhu.edu/map.html - acesso 29/3/2020). No Brasil, os números da COVID-19 já superam 4.000 casos e 136 óbitos. O Distrito Federal ocupa o quarto lugar em número de casos confirmados (n = 289) (Ministério da Saúde - https://www.saude.gov.br – acesso 29/3/2020). Diferentes estudos têm relatado a detecção de RNA de SARS-CoV-2 em amostras fecais de crianças e adultos (Ma et al., 2020; Xu et al., 2020). Ademais estudos de metagenômica em amostras de fezes coletadas de chineses em 2019, relatou dentre outros vírus a detecção do SARS-CoV-2, sugerindo que o vírus já circulava antes do início do surto da COVID-19 em Hubei, China (Rampelli et al., 2020). Um estudo de monitoramento ambiental (DPA n⁰ 10099 / FAP-DF 193.000.713) desenvolvido no Campus de Ceilândia/UnB em colaboração com o Laboratório de Virologia Humana e Cultura de células (LABVICC/UFG), vem desenvolvendo métodos de concentração de partículas virais de amostras de água e esgoto que permitiram a detecção de enterovírus (norovírus, sapovírus e adenovírus) em amostras de água do Lago Paranoá e outros corpos d’água do Distrito Federal. Sabe-se que os vírus são transportados através do sistema de esgoto a corpos d’água podendo potencialmente infectar indivíduos susceptíveis, causando impacto nos sistemas de saúde e consequente na economia de países ao redor do mundo (Gibson et al., 2014). O risco à saúde humana associado à água contaminada é cada vez mais foco de pesquisas e discussões ambientais. Atualmente, a garantia de segurança da água e os padrões de qualidade utilizados vêm sendo questionados, uma vez que, o controle microbiológico visando a presença de coliformes é insuficiente para garantir a efetiva segurança da água. Este projeto propõem o desenvolvimento de técnica para recuperar e concentrar partículas virais em amostras de água e esgoto coletadas em estações de tratamento de esgoto do DF (n = 12); e a extração de ácido nucleico e detecção de SARS-CoV-2 por meio de RT-PCR. Além das técnicas de detecção de SARS-CoV-2 desenvolvidas, o projeto produzirá, por meio de múltiplos ciclos de coleta, dados de monitoramento da dispersão ambiental de SARS-CoV-2 que podem elencar as regiões administrativas do DF em função dos níveis de evolução da carga viral. Por fim, os resultados do monitoramento ambiental podem auxiliar gestores de saúde a identificar regiões administrativas que necessitem de maior aporte de recursos de saúde para o controle da pandemia de COVID-19.
Tipo da Proposta
Palavras-chave
COVID-19, SARS-CoV-2, dispersão ambiental, monitoramento
Número de Integrantes da Equipe
6
Nome dos Integrantes da UnB
Dr Alex Leite Pereira (FCE-UnB); Dr Rodrigo Haddad (FCE-UnB), Dr. Wildo Navegantes de Araújo (FCE-UnB), Dr. Walter Massa Ramalho (FCE-UnB), Dra. Menira Borges de Lima Dias e Souza (Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - IPTSP/UFG), Dra. Fabíola Souza Fiaccadori (Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - IPTSP/UFG)
Há integrantes externos à UnB?
Sim
Possui apoio de Grupo de Pesquisa Certificado pela UnB no CNPq?
Sim
Nome/Link do Grupo de Pesquisa certificado no CNPq pela UnB
Laboratório de Análises Moleculares FCE, Laboratório de Dinâmica de Doenças (Medicina Troppical - UnB), Laboratório de Virologia Humana e Cultura de células (LABVICC/UFG)
Análise do Contexto
A resistência e dispersão em matrizes ambientais aquáticas do SARS-CoV-2 são ainda desconhecidos. Sabe-se que os vírus podem ser excretados nas fezes e são transportados através do sistema de esgoto a corpos d’água, podendo potencialmente infectar indivíduos susceptíveis, causando impacto nos sistemas de saúde e consequente na economia de países ao redor do mundo (Gibson et al., 2014). Os impactos das atividades humanas sobre os sistemas aquáticos têm sido notificados há mais de 200 anos. Considerando que a água integra as preocupações do desenvolvimento sustentável, a Constituição Federal e a Lei n° 6.938 (31/08/1981) visam controlar o lançamento no meio ambiente de poluentes, proibindo o lançamento em níveis nocivos ou perigosos para os seres humanos e outras formas de vida. Assim, também é previsto que a saúde e o bem-estar humano, assim como o equilíbrio ecológico aquático, não devem ser afetados pela deterioração da qualidade das águas (CONAMA 357/2005).
Breve Fundamentação Teórica
O SARS-CoV-2 é um vírus classificado na família Coronaviridae, da ordem Nidovirales, subfamília Coronavirinae, que abriga quatro gêneros: Alphacoronavirus, Betacoronavirus, Gammacoronavirus e Deltacoronavirus. Os vírus dos gêneros α e ß, são capazes de infectar mamíferos. Seis coronavírus (CoVs) já foram caracterizados como patógenos humanos, dentre os quais os α-CoVs HCoV-229E, HCoV-NL63, β-CoVs HCoV-HKU1 e HCoV-OC43 apresentam baixa patogenicidade, causando sintomas semelhantes ao resfriado comum. Os outros dois β-CoVs conhecidos, SARS-CoV e MERS-CoV, estão associados a doença grave com infecções do trato respiratório, potencialmente fatais. O SARS-CoV-2 utiliza a enzima conversora de angiotensina (ACE2) para infectar células humanas, o mesmo receptor para o SARS-CoV. Este receptor está presente em diferentes células do organismo, como as do trato respiratório e do intestino. Ácido nucléico de SARS-CoV-2 foi detectado nas fezes de pacientes por até 20 dias. Esses achados sugerem outras formas de transmissão e a infecção do trato gastrointestinal por SARS-CoV-2.
Objetivos e Metas
- Realizar monitoramento de SARS-CoV-2 e vírus entéricos (norovírus, sapovírus, adenovírus e astrovírus) em amostras provenientes de corpos d’água do Distrito Federal.
- Pesquisar e estimar o número de cópias genômicas de SARS-CoV-2 nas amostras de água.
- Analisar a ocorrência ambiental de SAR-CoV-2 em função da distribuição geográfica dos casos confirmados de COVID-19
- Avaliar a infecciosidade/viabilidade das partículas de SARS-CoV-2 recuperadas.
Metodologia
Coleta de amostras: amostras de esgoto e de água (corpo aceptor) serão obtidas de 14 estações de tratamento de esgoto do Distrito Federal.
Concentração de partículas virais seguirá protocolo descrito por KATAYAMA; SHIMASAKI; OHGAKI, 2002, com modificações.
Extração de ácido nucleico: a partir de 200µL da amostra concentrada (viral RNA mini kit -QIAGEN- e MagNA Pure system -Roche).
Detecção do genoma viral: será submetido à reação de RT-qPCR seguindo o protocolo descrito por Corman et al. 2020. A técnica utiliza três pares de iniciadores e sondas para diferentes regiões do genoma do SARS-CoV-2: gene RdRp, gene E e gene N.
Resultados Esperados
- Recuperar SARS-CoV-2 de amostras provenientes de corpos d’água do Distrito Federal.
- Definir regiões administrativas do DF com alta dispersão de SAR-CoV-2.
- Demostrar a relação entre o número de casos de COVID-19 e a ocorrência de SAR-Cov-2 em matrizes ambientais aquáticas.
- Demonstrar a infectividade de partículas de SARS-CoV-2 recuperadas de água e esgoto.
Área de Conhecimento
Subárea de Conhecimento
Valor da previsão de financiamento da unidade
De até R$ 100.000,00 (Comunicado nº 01/2020/FCE /CONT)
Cronograma da Execução
1- Coleta e processamento das amostras de água (1º, 2º e 3º trimestres). 2- Recuperação e concentração de partículas virais (1º, 2º e 3º trimestres). 3- Extração de ácido nucleico (1º, 2º e 3º trimestres). 4- Detecção do genoma viral (2º , 3º e 4º trimestres). 5- Análise epidemiológica (3º e 4º trimestres).
Tempo total de execução previsto
12
Categoria do Projeto
Aspectos sociais, econômicos e ambientais | Estudo e monitoramento epidemiológico