Informações
Nível de aprovação pela UnB
Aprovado pela UnB
Nome Completo do Proponente
Liza Maria Souza de Andrade
Matrícula UnB
1049186
Unidade acadêmica da UnB
lizamsa@gmail.com
Link Cúrriculo Lattes
Título da Proposta
Cidades saudáveis, agroecologia e soberania alimentar: (re)significação para enfrentamento do Covid19 nas regiões periurbanas e periféricas do DF
Sumário Executivo da Proposta
O alimento diversificado de impacto positivo na saúde, conforme o Guia Alimentar do Ministério da Saúde, tem nos alimentos in natura e minimamente processados a base alimentar nutricional promotora de um sistema alimentar social e ambientalmente sustentável. Esta pesquisa, no âmbito do planejamento urbano e regional, relaciona cidades saudáveis, agroecologia e soberania alimentar com objetivo de estudar o território do Distrito Federal nas interfaces da alimentação, produção agroecológica no continuum rural-urbano e saúde alimentar pública no enfretamento ao COVID19. Visa compreender questões do abastecimento de alimentos por circuito curto (abastecimento intrarregional), desde as redes de solidariedade e os fluxos de suprimento das necessidades essenciais das populações e regiões periurbanas e periféricas, considerando que a dieta alimentar de qualidade é uma exigência do organismo humano ao reforço do sistema imunológico para a possível resposta terapêutica.
O documento da ONU (2020) “Responsabilidade compartilhada, Solidariedade Global: respondendo aos impactos socioeconômicos do COVID-19” alerta que o abastecimento de alimentos pode ser interrompido em escala global, mas a influência mais direta durante a pandemia está na manutenção do circuito curto de abastecimento pela proximidade das áreas produtoras com as comunidades abastecidas.
O documento produzido pelos movimentos sociais, academia e profissionais “O Combate à Pandemia Covid-19 nas Periferias Urbanas, Favelas e Junto aos Grupos Sociais Vulneráveis: propostas imediatas e estratégias de ação na perspectiva do direito à cidade e da justiça social” defende a adoção de medidas imediatas e estruturais pelas autoridades competentes articuladas com a sociedade civil e as comunidades em planos emergenciais e garantia de acesso à água potável, serviços de higiene (kits de higienização e limpeza) e alimentação (distribuição de cestas básicas e alimentos saudáveis) ao longo dos próximos meses nas periferias.
A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) recomenda a retomada do Programa de Aquisição de Alimentos da agricultura familiar, com R$ 1 bilhão em investimentos, em simultâneo mais programas estaduais de oferta de alimentos saudáveis para população vulnerável, com produtores atendendo localmente caso iminente desabastecimento estadual ou nacional.
A crise impõe (re)significar ações no território e construir táticas emergenciais e posteriores, a partir de uma abordagem em que o acesso ao alimento e à produção de alimento de qualidade seja uma oportunidade de escolha para a população. Faz-se necessário repensar a forma de produção de alimentos, tanto no âmbito da agroecologia e quanto no âmbito da soberania alimentar. Além de redefinir “soberania alimentar”, “cidade saudável” e outros no enfrentamento ao COVID-19 e nas relevâncias para com o momento posterior.
O “Caderno de Estudos Saúde & Agroecologia”, de 2019, produzido pela ABA-Agroecologia, Fiocruz e Articulação Nacional de Agroecologia traz conexões importantes entre saúde e agroecologia com uma expansão da pesquisa agroecológica e sua base de atores. No entanto, ainda tem limitações pela incompreensão pública intersetorial e por pouco se relacionar com as ciências sociais aplicadas no planejamento do território e condições de sobrevivência humana.
A transição para sistemas agroalimentares saudáveis e sustentáveis permite relações mais harmoniosas de produção e vida, sobretudo, pela agricultura familiar. À soberania alimentar é relevante nos acessos em mercados próximos como feiras e cestas domiciliares (Comunidades que Sustentam os Alimentos - CSA) provenientes de assentamentos rurais, além das políticas públicas sociais em que o estado se destaca como indutor da transformação.
No que tange às escolhas alimentares, cabe a oportunidade de escolher alimentos protagonizados pela agricultura familiar de modelos agroecológicos em territórios disputados. Os sistemas agroecológicos diversificados permitem a melhor alimentação e impacto positivo na saúde, em razão do agrossistema estabelecido. Outras “agriculturas alternativas” (agricultura orgânica, agricultura biodinâmica, agricultura natural, agricultura biológica, agricultura ecológica) derivadas da agroecologia apresentam maior qualidade do alimento se o ciclo produtivo completo for analisado em razão dos aspectos tecnológicos e ecológicos, que se diferenciam enquanto agricultura sustentável e agricultura convencional.
O conceito de “Cidades Saudáveis”, tratado desde a Carta de Ottawa (1986) enfatiza a função sistêmica da saúde, indissociável de outras políticas públicas com uma abordagem ecossistêmica de visão transdisciplinar, complexa com pluralismo metodológico, princípios da participação social e equidade para definição de um território de ação. Assim, esta pesquisa pretende relacionar o conceito de cidades saudáveis e soberania alimentar para compreender a situação problema da alimentação no enfrentamento do Covid19 nas regiões periurbanas e periféricas do DF, a partir de um (re)significado de cidade saudável, de soberania alimentar, de agentes produtores e receptores do alimento no circuito curto de abastecimento, nas redes de produção alimentar e sua relação escalar no território.
No contexto do Distrito Federal, na relação cidade-campo existe uma potencialidade para fortalecer a integração de políticas devido à dimensão territorial que envolve a abordagem de um sistema alimentar urbano fundamentado na relação com o espaço rural (periurbano) de produção agroecológica. Exemplos de circuitos curtos de abastecimento são as CSAs, segundo o NEA/UnB, no DF existem 38 CSAs, das quais 20 relatam que durante a pandemia teve aumento na procura das cestas domiciliares, o grupo Prospera de CSAs está abastecendo cerca de 80 famílias (300 pessoas) semanalmente.
Em contrapartida, outros assentamentos da Reforma Agrária não inseridos na CSAs enfrentam dificuldades de abastecer o mercado local por estagnação das feiras e distribuição no CEASA e mercados locais, e consequentes perda de produção. Logo, passaram a doar a produção, suprindo as comunidades vulneráveis sem acesso aos circuitos curtos de abastecimento por falta de renda necessária à compra do alimento. No Brasil todo, o MST contribui com o enfrentamento ao COVID-19 por meio de doação solidária de alimentos saudáveis da agricultura familiar, especialmente no Sul do Brasil, dou cinco toneladas de alimentos para mais de 500 famílias.
O objetivo principal desta pesquisa é avançar no levantamento das redes de abastecimento, em especial no enfrentamento ao COVID-19. Para tanto, dados sobre as regiões produtoras, escala de produção e abastecimento territorial, produtividade e perfil do produtor e do consumidor no DF são os focos de busca nos bancos de dados da SEAGRI, EMATER, CEASA, Fiocruz (Brasília-Palin), CONAB, CDRS, NEA/UnB, CSAs e MST. Outros dados serão pesquisados juntos aos movimentos sociais, membros do BrCidades e técnicos da SEDUH para buscar questões socioeconômicas relevantes aos parâmetros de uma abordagem de cidade saudável. Tais dados serão pesquisados por meio de questionários, mapeamento colaborativo e busca em documentos, relatórios técnicos, portais de transparência da informação etc. utilizados na confecção de gráficos, imagens, mapas e estruturação de redes, aplicáveis ao software QGis.
O projeto parte da pesquisa de doutorado em andamento “Design rururbano - o continuum urbano-rural para planejar e desenhar o território, a paisagem agrária e o ambiente de alimentos” da doutoranda Natália Lemos do PPG/FAU/UnB, e de parcerias extensionistas de trabalhos antecedentes com camponeses da reforma agrária, pelos Grupos de Pesquisas “Periférico, trabalhos emergentes, “Água e Ambiente Construído” ambos do PPG/FAU/UnB, pela Incubadora de Cooperativa Populares da FUP/UnB; pelo Núcleo de Política Ciência Tecnologia e Sociedade NPCTS/CEAM/UnB e pelo Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Agroecologia da Universidade de Brasília (NEA/CDS/FAV/UnB), novas parcerias com as Faculdades de Saúde e de Educação da UnB, pesquisadores de outras universidades UNILA e UFCG, membros do BrCidades, das Comunidades Agroecológicas do Bem Viver, do Conselho Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável e da Fiocruz. Os resultados serão importantes para promover conexões metodológicas transdisciplinares no âmbito de assessorias técnicas da futura Residência Multiprofissional CTS – Habitat, Agroecologia, Saúde e Trabalho da UnB que está em processo de construção.
Palavras-chave
Saúde alimentar, Fome, Comunidades saudáveis, Áreas periurbanas periféricas, COVID-19
Número de Integrantes da Equipe
17
Nome dos Integrantes da UnB
Liza Maria Souza de Andrade (685.248.466-15, PPG/FAU/UnB/Periférico/BrCidades/ONDAS); Natália da Silva Lemos (016.927.891-39, PPG/FAU/UnB/Periférico), Flaviane de Caralho Canavesi (CPF 130.965.738-67, NEA/CDS/FAV/UnB), Ricardo Toledo Neder (059.602.821-00, FUP/UnB), Raquel de Almeida Moraes (CPF 092.552.008-01, NPCTS/CEAM/FE/UnB), Valmor Cerqueira Pazos Filho (055.619.931-60, Graduação em Saúde Coletiva/FCE-UnB), Laura Siqueira Santos (CPF 041.173.551-98, Arquiteta/Periférico), Monique Gomes Nogueira (CPF 039.097.621-07, Arquiteta/Periférico), Thayná Arruda Castro (CPF 060.694.971-20, Graduação em Arquitetura e Urbanismo/FAU-UnB), José Roberto Furquim (CPF 167.525.895-34, CDRSLN), Wagner de Jesus Martins (CPF631.600.057-04, Fiocruz); Acácio Machado Alves (CPF 453.446.639-00, MST), Gustavina Alves da Silva (CPF 473.250.701-87, MST), Amanda Oliveira Lyrio (CPF 054.671.205-30, Doutorado em Ciências Médicas/UnB), Elivan Silva Souza (CPF 052.978.665-61, Doutorado em Ciências Médicas/UnB), Demóstenes Andrade de Moraes (CPF 616.724.164-34, BrCidades/UFCG), Thiago de Ávila e Silva Oliveira (CPF 015.219.471-12, Mutirão do Bem Viver e Comunidades Agroecológicas do Bem Viver), Leonardo dos Passos Miranda Name (CPF 043.529.077-07, UNILA).
Há integrantes externos à UnB?
Sim
Possui apoio de Grupo de Pesquisa Certificado pela UnB no CNPq?
Sim
Nome/Link do Grupo de Pesquisa certificado no CNPq pela UnB
Grupo de Pesquisa Periférico, trabalhos emergentes (www.perifericounb.com). Grupo de Pesquisa Água e Ambiente Construído.
Público alvo
Áreas periurbanas do DF | Grupos Periféricos | População em Geral
Análise do Contexto
No âmbito desta pandemia, a FAO/ONU aponta esforços internacionais em prover alimentos aos 620 milhões de habitantes na América Latina e o Caribe, proteger os sistemas alimentares, manter a agricultura e o comércio de alimentos. O panorama, busca manter vivo o comércio agroalimentar, a expansão da proteção social de segurança alimentar do mais vulneráveis, os padrões sanitários e fitossanitários, e o aumento do comércio intrarregional. No entanto, se a pandemia estender no tempo, as cadeias de abastecimento de alimentos estarão em maior pressão. Nesse sentido, esforços focados no funcionamento das cadeias locais, nacionais, regionais e globais de abastecimento, podem garantir alimentos de forma sustentável para todos.
No Distrito Federal, essa realidade precisa ser levanta e relacionada com a arquitetura e urbanismo, uma vez que, no PDOT de 2009 prevê ARIS e ARINE em áreas periurbanas e periféricas para regularização de ocupações urbanas como atividades de produção de alimento, porém no processo de revisão do PDOT em 2019, a SEDUH identifica 464 novas áreas de ocupações informais, nas quais a condição de vida não tem provimento de infraestrutura de saneamento, logo estão desprovidas dos mecanismos básicos de combate a pandemia do COVID-19 e modos seguros à soberania alimentar.
Breve Fundamentação Teórica
A ameaça de interrupção dos sistemas de alimentos urbanos pelo COVID-19 nas cidades evidencia a falta de capacidade adequada para respostas em emergência de saúde. A FAO, no documento Urban food systems and COVID-19: The role of cities and local governments in responding to the emergency afirma que o maior risco são os 1,2 bilhão habitantes em assentamentos informais, embora a perturbação seja global. O desafio está na obrigação de lidar rapidamente com mudanças na disponibilidade e acessibilidade do alimento em áreas urbanas periféricas, que pode condicionar uma alimentação insegura e pouco nutritiva pela compra restrita as poucas quantidades em pequenos mercados locais. As interrupções justificadas na saúde pública comprometem toda a cadeia econômica de suprimento, a menos que apoiada por meios de subsistência como: redes de distribuição por vizinhança ampliadas por esforços públicos; plataformas tecnológicas de distribuição; possibilidades de fluxos contínuos de acesso ao alimento; conscientização do consumo consciente.
Objetivos e Metas
O objetivo da pesquisa e extensão é investigar a existência de meios de subsistência da cadeia de suprimento do sistema alimentar no Distrito Federal, a partir de regiões periurbanas e periféricas no momento de enfrentamento ao COVID-19, por meio do levantamentos técnicos de informações junto aos agentes e receptores envolvido no sistema, a fim de constar se ela era existente antes da pandemia da COVID-19 e se manteve, ou se surgiu no momento da incerteza, bem como qual é a sua configuração e sua abrangência. Com isso, poderá ser necessário verificar quais os significados fundamentam a compreensão de cidades saudáveis, soberania alimentar e outros correlacionados, se constatada alguma divergência por consequência do enfrentamento ao COVID-19, poderão ser (re)significados.
Metas:
• Fomentar as relações de sistema alimentar na construção da abordagem sobre cidade saudável e soberania alimentar a partir do significado estabelecido ou revisto.
• Identificar o sistema alimentar existente nas regiões periurbanas e periféricas enquanto seus atores (agentes e receptores) e atividades.
• Verificar a existência de um sistema alimentar na região periurbana e periférica para subsistência local que permita soberania alimentar em momentos de crise e epidemiologias.
• Gerar gráficos, imagens e mapas que indiquem a relação do sistema alimentar da região periurbana e periférica no território do Distrito Federal que serão sistematizados no formato de caderno técnico.
• Estabelecer diretrizes para abordagens de sistemas alimentares em regiões periurbanas e periféricas, considerando o momento emergencial e o momento pós pandemia do COVID-19 no formato de Caderno Técnico Ilustrativo.
Metodologia
Pretende-se integrar à Agenda 2030 (ODS 2, 3, 6 e 11) com informações junto aos movimentos sociais e instituições (SEAGRI, EMATER, CEASA, CDRS) compreendendo a abrangência do sistema alimentar no território do DF e a soberania alimentar pelo aceso à escolha do alimento (WISKEERKE e VERHOEVEN, 2018), sistematizando-as em gráficos, imagens e mapas.
Também a relação governança global de alimentos e direito à alimentação enquanto operacionalidade espaço/tempo determinado (pandemia COVID-19) por teóricos de governança (CLAPP, FUCHS, 2009; MARSDEN et al, 2010) e abordagem sistêmica (THOMPSON et al, 2007; MCKEON, 2009). E as relações com “cidade saudável e visão ecossistêmica da saúde, temática de pesquisas do Grupo “Periférico, trabalhos emergentes” e bibliografias específicas.
Resultados Esperados
Geração de conteúdo, sistematizados em gráficos, imagens e mapas para visualizar as relações do sistema alimentar com o território do Distrito Federal e com a condição alimentar gerada pelo enfrentamento ao COVID-19.
Produtos:
• Mapas de agentes e receptores envolvidos no sistema alimentar e a relação com o território do DF.
• Imagens das redes identificadas na soma do sistema alimentar da região para com o território do DF. Gráficos representativos dos dados identificados.
• Diretrizes de ação e sugestões de questões para abordagens no momento pós pandemia da COVID-19.
• Articulação técnica com SEAGRI, SEDUH e Movimentos Sociais para apresentação dos resultados bem como de devolutivas para pesquisas atreladas à temática central.
Área de Conhecimento
Subárea de Conhecimento
Há previsão de Orçamento proveniente na unidade acadêmica?
Não
Cronograma da Execução
4 meses para levantamento de dados;
4 meses para sistematização dos dados e resultados prévios em gráficos, imagens e mapas;
4 meses para consolidação dos resultados direcionados à publicação acadêmica e relatório técnico no formato de caderno ilustrado a ser disponibilizados à sociedade, aos movimento sociais, aos parceiros envolvidos na pesquisa e aos órgãos competentes.
Tempo total de execução previsto
12