Informações
Nível de aprovação pela UnB
Aprovado pela UnB
Nome Completo do Proponente
Fábio Henrique Pereira
Matrícula UnB
1007432
Unidade acadêmica da UnB
fabiop@gmail.com
Link Cúrriculo Lattes
Título da Proposta
A construção da desinformação científica como um problema público no Brasil
Sumário Executivo da Proposta
O objetivo deste projeto é analisar o processo de construção da desinformação científica como um problema público no Brasil. A divulgação de informações consideradas “verdadeiras” é uma das pedras fundamentais do discurso de legitimação do jornalismo como mediador do espaço público. Ela se ampara no pressuposto de que o acesso à informação de “qualidade”, subsidiaria a experiência cotidiana das pessoas, não só a dimensão da participação na vida democrática, mas também a situações ligadas à comportamento, saúde, exercício da cidadania. Por isso, o aumento da produção e circulação de “fake news” nos últimos anos, tem sensibilizado agentes do campo a mídia e da ciência, de forma que passam a considera-lo um problema público, capaz de provocar efeitos negativos junto à coletividade. Quando, por exemplo, o presidente Jair Bolsonaro, decide negar a gravidade da pandemia de Covid 2019, a desinformação a passa a ser considerada no debate público a partir de um duplo viés. Por um lado, ela estaria relacionada a situações de negligência ou mau uso de dados (das ciências duras e ciências sociais) na construção da opinião pública e das decisões políticas. Por outro, revelaria situações de questionamento da autoridade jornalística como espaço de produção e circulação de informações verificadas. A proposta se ampara na perspectiva desenvolvida por Neveu (2015) para entender o processo de construção dos problemas públicos. Essa leitura sociológica do fenômeno vai se concentrar na ação dos empreendedores de causa (enterpreneurs des causes) responsáveis, em um determinado espaço tempo, por mobilizar os recursos necessários à construção de um problema. Cinco empreendedores nos interessam nos debates sobre a circulação da desinformação: os jornalistas e organizações de mídia; atores da área de comunicação pública e corporativa de instituições políticas e científicas; os acadêmicos, pesquisadores e experts dos campos do jornalismo, da comunicação e das ciências sociais; os cientistas; e os intelectuais. A análise vai seguir as seguintes etapas: a. Revisão da literatura científica sobre desinformação; b. Análise de conteúdo de espaços de popularização desse problema, incluindo a circulação do termo desinformação no Twitter, combinado com uma análise de conteúdo de um jornal de referência, um jornal popular e uma publicação científica. O objetivo é identificar os empreendedores e os quadros mobilizados na construção midiática desses problemas; c. Condução de entrevistas semiestruturadas com empreendedores de causa identificados nas etapas a et b; d. realização de entrevistas semiestruturadas com uma amostra de gestores públicos responsáveis pela condução de políticas de combate à desinformação. A longo prazo, trabalhar com essa abordagem permitiria visualizar o desenvolvimento de uma perspectiva guarda-chuvas para pesquisas na área da comunicação e jornalismo científico, a ser replicada na compreensão dos processos de identificação, enquadramento, legitimação, popularização e desenvolvimento de políticas públicas de outras temáticas caras ao campo da comunicação e do jornalismo científico: crise sanitária, mudança climática, bigdata e uso de dados pessoais, etc.
Palavras-chave
desinformação cientifica, construção de problemas públicos, jornalismo, ciência, empreendedores e causa
Número de Integrantes da Equipe
4
Nome dos Integrantes da UnB
Fábio Henrique Pereira, Mariana Ausani, Wesley Kuhn, France Aubin
Há integrantes externos à UnB?
Sim
Possui apoio de Grupo de Pesquisa Certificado pela UnB no CNPq?
Sim
Nome/Link do Grupo de Pesquisa certificado no CNPq pela UnB
dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/9167119579530225
Público alvo
Análise do Contexto
A divulgação de informações consideradas “verdadeiras” é uma das pedras fundamentais do discurso de legitimação do jornalismo como mediador do espaço público. Ela se ampara no pressuposto de que o acesso à informação de “qualidade”, subsidiaria a experiência cotidiana das pessoas, não só a dimensão da participação na vida democrática, mas também a situações ligadas à comportamento, saúde, exercício da cidadania. Por isso, o aumento da produção e circulação de “fake news” nos últimos anos, tem sensibilizado agentes do campo a mídia e da ciência, de forma que passam a considera-lo um problema público, capaz de provocar efeitos negativos junto à coletividade. Quando, por exemplo, o presidente Jair Bolsonaro, decide negar a gravidade da pandemia de Covid 2019, a desinformação a passa a ser considerada no debate público a partir de um duplo viés. Por um lado, ela estaria relacionada a situações de negligência ou mau uso de dados (das ciências duras e ciências sociais) na construção da opinião pública e das decisões políticas. Por outro, revelaria situações de questionamento da autoridade jornalística como espaço de produção e circulação de informações verificadas. Neste contexto, este projeto propõe analisar as dinâmicas de construção da temática da desinformação como um problema público no Brasil
Breve Fundamentação Teórica
A proposta se ampara na perspectiva desenvolvida por Neveu (2015) para entender o processo de construção dos problemas públicos. Essa leitura sociológica do fenômeno vai se concentrar na ação dos empreendedores de causa (enterpreneurs des causes) responsáveis, em um determinado espaço tempo, por mobilizar os recursos necessários à construção de um problema. Cinco empreendedores nos interessam nos debates sobre a circulação da desinformação: os jornalistas e organizações de mídia; atores da área de comunicação pública e corporativa de instituições políticas e científicas; os acadêmicos, pesquisadores e experts dos campos do jornalismo, da comunicação e das ciências sociais; os cientistas; e os intelectuais.
Objetivos e Metas
Analisar o processo de construção da desinformação científica como um problema público no Brasil
Detectar os principais empreendedores de causa responsáveis por esse processo de construção da desinformação científica como um problema público
Desenvolver uma metodologia guada-chuvas para a análise da construção de problemas públicos científicos
Fornecer um subsídio para a criação de um Observatório internacional de estudo da comunicação científica
Metodologia
A análise vai seguir as seguintes etapas: a. Revisão da literatura científica sobre desinformação; b. Análise de conteúdo de espaços de popularização desse problema, incluindo a circulação do termo desinformação no Twitter, combinado com uma análise de conteúdo de um jornal de referência, um jornal popular e uma publicação científica. O objetivo é identificar os empreendedores e os quadros mobilizados na construção midiática desses problemas; c. Condução de entrevistas semiestruturadas com empreendedores de causa identificados nas etapas a et b; d. realização de entrevistas semiestruturadas com uma amostra de gestores públicos responsáveis pela condução de políticas de combate à desinformação.
Resultados Esperados
Com a pesquisa possui dois desdobramentos acadêmicos e dois práticos. O primeiro é a condução de uma pesquisa original que permita compreender como a circulação internacional de discursos sobre a desinformação científica deu origem a um conjunto de processos de mediatização e de sensibilização da opinião pública sore este problema. Além disso, a longo prazo, trabalhar com essa abordagem permitiria visualizar o desenvolvimento de uma perspectiva guarda-chuvas para pesquisas na área da comunicação e jornalismo científico, a ser replicada na compreensão dos processos de identificação, enquadramento, legitimação, popularização e desenvolvimento de políticas públicas de outras temáticas caras ao campo da comunicação e do jornalismo científico: crise sanitária e a pandemia do Covid 19, mudança climática, bigdata e uso de dados pessoais, etc. Como resultados práticas destaca-se a criação, no contexto dos cursos de graduação e com um projeto de extensão, de um Observatório Internacional sobre a Desinformação científica e também a articulação, junto com colegas canadenses e latino-americanos, de uma rede de debates sobre a desinformação científica, particularmente no contexto da pandemia do Covid 19.
Área de Conhecimento
Subárea de Conhecimento
Há previsão de Orçamento proveniente na unidade acadêmica?
Não
Cronograma da Execução
Semestre 1 - revisão de bibliografia e identificação dos principais empreendedores de causa / criação do projeto do Observatório de análise da desinformação
Semestre 2 - análise de conteúdos das redes sociais e dos principais jornais
Semestre 3 - Realização das entrevistas e análise dos dados
Semestre 4 - Redação do relatório de pesquisa, publicação dos resultados, transferência de tecnologias sociais, avaliação e definição das novas etapas do projeto
Tempo total de execução previsto
24