Avaliação de fatores estressores e mudanças comportamentais de famílias brasileiras na pandemia da Covid-19 e sua influência na saúde bucal

Sumário Executivo da Proposta

Iniciada na China em dezembro de 2019 o SARS-CoV-2, novo coronavírus, foi responsável pela pandemia que desencadeou uma grave crise de saúde global (WU et al., 2020). O Brasil registrou seu primeiro caso em fevereiro de 2020, desde então diversas medidas foram implementadas para controle e prevenção da doença (OLIVEIRA et al., 2020), incluindo distanciamento social com o fechamento de escolas e universidades, proibição de eventos públicos com reuniões em massa e restrições para o funcionamento apenas de serviços essenciais, como supermercados, farmácias e hospitais (AQUINO et al., 2020).
Neste contexto, as pessoas experimentaram o medo de adoecer ou morrer e sentimentos de impotência e estigma (HALL et al., 2008). Em particular, o medo com relação à integridade da própria saúde e de seus entes queridos, o distanciamento social e as obrigações da quarentena, exerceram pressão sobre a esfera afetiva e emocional de cada indivíduo, situação a qual prejudicou gravemente a estabilidade psicológica da população mundial (RENZO et al., 2020). As famílias estão vivenciando fatores estressantes que ameaçam sua saúde, segurança e bem-estar econômico (BROWN et al., 2020).
A pandemia global devido a doença coronavírus (COVID-19) é um estressor de origem externa ao ambiente familiar, mas devido à incerteza a respeito dessa doença, é provável que seja percebida como um estressor significativo para muitos pais e filhos (BROWN et al., 2020)
A condição de vida das famílias mudou, muitas pessoas perderam o emprego, outras precisaram se adaptar trabalhando em casa, com o chamado Home Office e uma boa parte tiveram sua renda reduzida (SPINELLI et al., 2020). Com o fechamento de escolas e creches, as atividades educativas passaram a ser papel exclusivo da família em ambiente doméstico, representando uma grande carga para os pais, que passaram a assumir uma função educacional enquanto tentam continuar com seu trabalho diário e compromissos (SPINELLI et al., 2020). Dado o alto grau de incerteza econômica que muitas famílias enfrentam, os pais muitas vezes cuidam de seus filhos em condições estressantes e com recursos limitados (CHUNG et al., 2020). A maioria das famílias contavam com apoio externo para com o cuidado com os filhos, o isolamento social diminuiu esse acesso e pode ter consequências para a saúde mental (CHUNG et al., 2020)
Estudos em diversas partes do mundo, relataram o aumento do grau de estresse, depressão, mudanças nos padrões alimentares e redução na prática de atividades físicas, demonstrando que essas variantes possam ter impactos relevantes na relação saúde entre pais e filhos (CARROLL et al., 2020; CHUNG et al., 2020). A influência das mudanças no cotidiano das crianças não deve ser subestimada, a saúde e o estado emocional de outros membros da família afetarão as crianças, e as influências negativas do meio ambiente podem ter um grande impacto em sua saúde (AVILA et al., 2020). A pandemia COVID-19 levou ao isolamento e restrições, que são significativamente perturbadores para as crianças; eles não são bem compreendidos e têm se mostrado confusos e assustados (VESSEY et al., 2020). O objetivo do presente estudo é avaliar o impacto do isolamento social devido ao novo coronavírus no estresse e ansiedade dos pais, bem como avaliar a mudança de hábitos dos filhos e possíveis consequência dessas mudanças. A hipótese é que o isolamento social têm impactos negativos na saúde física, psicológica e bucal de pais e filhos, envolvendo uma rotina mais estressante, com aumento da ansiedade dos pais, menos cuidados alimentares e uma higiene oral deficiente. Assim, o objetivo do presente estudo é avaliar o impacto do isolamento social devido ao novo coronavírus no estresse e ansiedade dos pais, bem como avaliar a mudança de hábitos dos filhos e possíveis consequência dessas mudanças nos cuidados em saúde bucal.