Informações
Nível de aprovação pela UnB
Aprovado pela UnB
Nome Completo do Proponente
Stefan Klein
Matrícula UnB
1059149
Unidade acadêmica da UnB
sfk@unb.br
Link Cúrriculo Lattes
Título da Proposta
Escolas e a imaginação sociológica em tempos de pandemia
Sumário Executivo da Proposta
A proposta de pesquisa e extensão ora estruturada busca lidar com as condições atuais e futuras dos efeitos da pandemia. Especificamente, ela dialoga com o projeto de extensão "Ciências Sociais nas Escolas", porém tem um fim específico que poderá apoiar tanto esse projeto em particular quanto, e eis o objetivo principal, contribuir para a comunidade escolar do Distrito Federal em sentido mais amplo. Assim, o primeiro momento será o de coletar dados - recorrendo a instrumentos distintos - a respeito das condições sob as quais vêm sendo realizadas as atividades escolares da rede distrital, em especial no ensino médio, por meio do contato com discentes e docentes. A equipe recorrerá, para isso, a diversos canais anteriormente estabelecidos e dos quais espera um efeito multiplicador. A atenção recai, em especial, sobre as limitações no que diz respeito ao acesso à internet. A análise desses dados, por sua vez, subsidiará a formulação das ações educacionais de extensão, as quais visam contribuir na produção de material que possa auxiliar diretamente as/os docentes da disciplina Sociologia em sua atuação na educação básica diante das dificuldades impostas no contexto de isolamento e distanciamento social bem como, ao mesmo tempo, estimular a reflexão sobre os efeitos sociais e ecológicos da pandemia, entendendo que as ciências sociais têm em seu cerne a preocupação em levantar e diagnosticar tensões e questões em meio a momentos de transformação social.
Palavras-chave
Ciências Sociais, escolas, ação educativa, transformação social, questões
Número de Integrantes da Equipe
11
Nome dos Integrantes da UnB
Amanda Gomes Paes, Carolina Silva Nogueira, Cecília Aguiar Silva Palau, Clara Chaves Marques Faria, Daniel Machado dos Santos Maia, Irene do Planalto Chemin Pimentel, Isabella Cristina Alves de Sousa, Júlia Andrade Vivas, Luísa Nascimento da Silva, Mariana Moreno Dutra, Stefan Klein.
Há integrantes externos à UnB?
Não
Possui apoio de Grupo de Pesquisa Certificado pela UnB no CNPq?
Não
Público alvo
Análise do Contexto
O contexto diante do qual nos encontramos é, para as gerações atuais, decerto algo sem precedentes, haja vista a amplitude assumida pela pandemia do mais novo coronavírus. Entendemos que, perante esses tão variados e profundos impactos, há uma variedade de profissionais que podem e devem contribuir no enfrentamento da situação que se coloca, tanto no momento imediato de sua ocorrência quanto, igualmente, nas consequências dela diretamente decorrentes. Assim é que, também, coloca-se a relevância das ciências sociais, em geral, e da sociologia, em particular, para pensar e atuar, conforme iremos expor melhor adiante, no atual cenário. Veja-se como Émile Durkheim apresentava, em sua obra fundamental d’As regras do método sociológico, o seguinte diagnóstico quando tratava da atividade desses cientistas: “É preciso que, ao penetrar no mundo social, ele tenha consciência de que penetra no desconhecido, é preciso que ele se sinta diante de fatos cujas leis são tão insuspeitas quando podiam ser as da vida, quando a biologia não estava constituída; é preciso que ele esteja pronto a fazer descobertas que o surpreenderão e o desconcertarão” (Durkheim, 2007, pp. XIX e XX).
Desse modo, o contexto de incerteza se afigura, como o é para qualquer investigação científica, enquanto impulso fundamental no sentido de apresentar espaços de contribuição. Especificamente, como um grupo que atua junto à educação básica, buscaremos atuar para dirimir os efeitos diretos e indiretos da interrupção das atividades presenciais do ensino médio, bem como contribuir para uma disseminação menor do próprio vírus. Entende-se, desse ponto de vista, para retomar o diagnóstico arguto de Roberto Salmeron (2001), que a universidade pública cumpre papel primordial no que diz respeito à uma certa forma de cultura e identidade. Voltando-nos aos objetivos mais específicos a que nos proporemos abaixo, é, igualmente, importante lembrar Lélia Gonzalez discutindo questões ligadas à cidadania em nosso país: “A sociedade brasileira é extremamente complexa. Temos que levar em conta essa diversidade que foi colocada” (Gonzalez, 2018 [1986], p. 233).
É essa complexidade e diversidade que sustenta o desenho dessa proposta. Sabe-se que as assimetrias no acesso à internet no Brasil vão muito além de questões unicamente técnicas, impactando também a cultura (Bolaño e Reis, 2015) e, neste caso em particular, as condições de usufruir das atividades virtuais previstas pelo Distrito Federal e por tantas outras unidades federativas. Logo, é necessário lidar com essas questões em particular, e aqui a nossa proposta buscará se inserir, aproveitando o acúmulo de trabalho de ação de extensão – recentemente institucionalizada – que já vem sendo realizada desde 2017 com sucesso por um grupo de discentes da UnB junto a algumas escolas do DF, combinada à capacidade de análise do conjunto de dados que buscaremos acumular durante a realização dessa pesquisa-ação.
Breve Fundamentação Teórica
As ciências sociais problematizam, há tempos, questões ligadas à formas de tensão social, tratando-as sob diferentes pontos de vista, recorrendo a conceitos tais como anomia (Durkheim, 2000) ou de conflito (Simmel, 2000), para pensar os modos por meio dos quais a dinâmica social é influenciada por transformações, tanto de caráter natural quanto social. Assim, essa proposta ancora-se sobre uma tradição bastante estabelecida, ao mesmo tempo em que busca iluminá-la criticamente a partir das reflexões contemporâneas, destacando-se especialmente as formas de ensino que destacam as experiências específicas, ensinando para transgredir o que nos está naturalizado (hooks, 1994), e a relevância de contemplar e enfrentar as variadas possibilidades de assimetria que circundam o engajamento intelectual (Collins, 2013).
Objetivos e Metas
O problema de como lidar com doenças contagiosas apresenta, conforme colocado na discussão no âmbito da saúde pública (Gonçalves et al., 2015), determinantes sociais de diversas ordens, que incluem, entre outros, a participação da escola e da mídia como agentes relevantes. Levando isso em consideração, entendemos que temos dois objetivos principais com essa proposta: um deles consiste em amenizar os efeitos diretos sobre a interrupção das atividades educacionais da educação básica em decorrência da interrupção das atividades presenciais no contexto escolar. O outro se liga ao potencial mais amplo que enxergamos para as ciências sociais, isto é, a capacidade reflexiva de contribuir para lidar com a diversidade de pontos de vista e informações recebidas, sobretudo pela população jovem em idade escolar. Assim, ao trazer para o cerne materiais a respeito das formas de prevenção do contágio, esmiuçando os diferentes argumentos ali envolvidos, entendemos que será possível, simultaneamente, discutir aspectos que digam respeito ao cotidiano escolar, de acordo com as exigências didático-legais, bem como contribuir efetivamente para lidar com as diferentes formas de isolamento e distanciamento social, preparando as pessoas para possíveis mudanças que podem advir e mostrando a diversidade de problemas e questões postas por causa dos efeitos pandêmicos. O modo de levar a cabo essa proposta consiste em, primeiramente, durante o período em que ainda estiverem vigentes as medidas mais fortes de isolamento, desenhar e aplicar um questionário online, visando identificar: (i) as condições e limitações de acesso à internet; (ii) os obstáculos encontrados no que se refere ao contato com a escola e (iii) o conhecimento e as principais dúvidas envolvendo o contexto social da pandemia. Estamos cientes de que, evidentemente, as dificuldades de acesso à internet podem prejudicar o próprio instrumento de coleta de dados. Nesse sentido, buscaremos fazer com que ele seja estruturado de modo multiplataforma, preparando-o tanto em formulários que utilizam a rede www quanto, igualmente, em formato que seja facilmente transmissível por meio do aplicativo whatsapp, a fim de aumentar o seu alcance. O questionário, que buscará ter como respondentes docentes e discentes, terá uma parte de perguntas comum e algumas poucas perguntas específicas para o contexto de estudante e para o contexto da atuação como professor(a).
Tabulados esses dados, organizaremos o segundo momento, a saber, mobilizar materiais diversos produzidos por cientistas de diferentes áreas, buscando garantir espaço para a sua discussão, e pensando atividades – notadamente na forma de oficinas, sejam elas virtuais ou fisicamente presenciais – em que possamos enfatizar os diferentes aspectos ali envolvidos e, assim elucidar dúvidas e garantir maneiras mais fundamentadas de como agir diante dessas incertezas. Entendemos que a combinação do conhecimento teórico sociológico com a prática da pesquisa-ação e, finalmente, a prática pedagógica transgressora, aliada à proximidade que decorre de haver jovens estudantes de graduação se engajando nessa atividade, permitirá criar pontes frutíferas para viabilizar esse trabalho. Temos, enquanto metas, tornar menos penosos os efeitos sociais desse isolamento e, igualmente, contribuir ativamente para produzir reflexões e conhecimentos os quais possam estar no cerne de como dirimir o contágio durante os próximos meses. Pensamos, assim, que o contato com jovens no ensino médio está dotado dum elevado potencial de atuar enquanto multiplicador, na medida em que transitam em diferentes espaços físicos e pelo contato virtual.
O conjunto de atividades que temos em vista busca fomentar uma das principais contribuições que é esperada da sociologia em termos de sua atuação no ensino médio, isto é, provocar nas e nos estudantes o estranhamento e a desnaturalização que, no nosso caso, buscará se fundamentar sobre a pedagogia transgressora posta acima. Desse modo, desenhar oficinas que estimulem a reflexão a respeito do momento peculiar que estamos vivendo, notadamente sob um prisma sociológico, isto é, considerando os aspectos ecológico e social que circundam o contexto pandêmico, compõe uma das faces da nossa ação educativa. De outro lado, a produção de materiais que problematizem questões as quais são oriundas da interface entre a sociologia e o contexto de abalo que a sociabilidade e o cotidiano sofreram como efeito das medidas de combate à disseminação do vírus, que tanto podem quanto devem se tornar objeto da reflexão sociológica. O conteúdo desses materiais dependerá dos resultados e dados obtidos por meio dos questionários, que subsidiarão as decisões a respeito de quais são os principais momentos e questões a serem abordados. Espera-se, igualmente, que todo o conjunto de materiais possa ser utilizado por diferentes grupos em variados contextos, devendo ele ser um produto público do nosso trabalho de pesquisa e extensão.
Metodologia
A metodologia consiste, fundamentalmente, no recurso à pesquisa-ação (Thiollent, 1986). Aqui o pressuposto é, portanto, a construção coletiva do conhecimento, buscando mediar as contribuições oriundas do espaço acadêmico e garantir que sejam, por sua vez, impulsionadas pelo contato com as experiências cotidianas da realidade investigada na qual se intervém. Isso passa, necessariamente, pela crítica metodológica, notadamente no que concerne ao uso dos instrumentos de coleta de dados, em particular do questionário (Thiollent, 1987). Desse modo, a decisão envolvendo as atividades mais adequadas do último momento de nosso trabalho será fruto desse trabalho coletivo.
Resultados Esperados
Esperamos, por meio da realização dessa proposta, que articula a pesquisa e a extensão, ter três resultados principais. Primeiramente, acumular um conjunto de dados a respeito das condições de infraestrutura e de conhecimento/informação envolvendo os efeitos imediatos da pandemia sobre atividades e o cotidiano do ensino médio. Em segundo lugar, desenvolver ações que possam dirimir as consequências dos obstáculos e do cenário de incerteza que aqui se colocam, apoiando a rede de educação básica do Distrito Federal, notadamente suas e seus docentes. Finalmente, porém nada menos relevante, espera-se explicitar a relevância da universidade pública, em geral, e das suas ciências sociais, em particular, mostrando as capacidade de lidar com momentos de conflito e de tensão indo além dos muros da instituição, ao mesmo tempo em que se alimenta do conhecimento aqui desenvolvido e gestando, assim, formas de colaboração inovadoras.
Área de Conhecimento
Subárea de Conhecimento
Há previsão de Orçamento proveniente na unidade acadêmica?
Não
Cronograma da Execução
Elaboração e aplicação dos questionários: 15 de junho a 15 de julho de 2020
Tabulação dos dados e planejamento das atividades: 01º de julho de 2020 a 30 de agosto de 2020
Realização das atividades de reflexão e intervenção: 31 de agosto a 01º de dezembro de 2020.
Tempo total de execução previsto
5.5