Informações
Nível de aprovação pela UnB
Aprovado pela UnB
Nome Completo do Proponente
Cristiane Guinancio
Matrícula UnB
988189
Unidade acadêmica da UnB
cristiane-g@uol.com.br
Link Cúrriculo Lattes
Título da Proposta
Projeto ATHOS - ASSESSORIA TÉCNICA PARA O HABITAR DE ORIGEM SOCIAL
Sumário Executivo da Proposta
A proposta consiste na realização de ações de caráter interdisciplinar, intersetorial e interinstitucional em que se propõe atuar contra os impactos da COVID-19 para a população que vive em situação de vulnerabilidade social. No âmbito da Habitação de Interesse Social (HIS), contempla os direitos constitucionais à saúde, à moradia e à cidade, que tem sido comprometidos diante da segregação socioespacial urbana, do estrangulamento de infraestruturas e da degradação ambiental. As famílias de baixa renda estão expostas a condições de precariedade, insalubridade e superlotação das suas habitações, o que potencializa a sua vulnerabilidade à contaminação pela COVID-19.
Compreende-se que o aumento da transmissão de zoonoses está relacionado, dentre outros aspectos, ao padrão de ocupação do território das cidades com expressivo avanço sobre o meio ambiente natural. A dinâmica de transmissão de doenças infecciosas em seres humanos e em animais tem sido influenciada por essa expansão da urbanização, que resulta na fragmentação do habitat natural, com impacto nos ecossistemas.
Destacam-se como fatores relevantes as prioridades das polícias públicas de desenvolvimento urbano, assim como as opções tecnológicas e de modelos urbanísticos que se oferecem para o ordenamento territorial. Por serem concebidas de forma descolada das condições socioeconômicas e do sitio local, agregam riscos adicionais à população.
Ao se abordar a HIS em face desse modelo de desenvolvimento e do contexto da pandemia da COVID-19, evidencia-se a necessidade de planos e ações em duas vertentes:
• A melhoria das condições da habitação da população que vive em situação de precariedade;
• A fixação das famílias no tecido urbano consolidado, de modo a reduzir a demanda habitacional que resulta na expansão da urbanização sobre o ambiente natural e consequente impacto na transmissão de zoonoses.
Pretende-se contribuir nessa direção por meio da atuação em extensão, pesquisa e inovação, contemplando: assessoria técnica para construção, ampliação ou melhoria de habitações; qualificação do ambiente urbano; investigação da adequação das soluções habitacionais e sistemas construtivos adotados para a HIS; inovação em soluções e tecnologias construtivas para a HIS. A articulação dessas iniciativas irá mitigar as condições de precariedade e vulnerabilidade dessa população por meio de 5 (cinco) linhas de ação:
MELHORIAS HABITACIONAIS (MH): Atendimento individual a famílias indicadas pela CODHAB, residentes em São Sebastião/DF. Consulta sobre necessidades e expectativas. Diagnóstico técnico da residência com prioridade para salubridade, segurança estrutural e acessibilidade. Definição de intervenções a serem realizadas, consolidadas em projetos e orçamento para execução das obras.
QUALIFICAÇÃO URBANA (QU): Abordagem dos impactos do urbanismo na saúde e no ambiente natural, perpassando a HIS, o saneamento básico e a paisagem. Intervenção em espaços públicos com aproximação e articulação da população envolvida por meio da pesquisa participante do ponto de vista da análise crítico-social das políticas intersetoriais e do equilíbrio ambiental.
CAPACITAÇÃO PARA O PROCESSO CONSTRUTIVO (CPC): Aprimoramento do processo de autoconstrução das residências e qualificação do público-alvo para sua melhor inserção no mercado de trabalho. Procedimentos didáticos específicos ao perfil dos participantes com disponibilização de cartilhas de orientação em volumes temáticos: 1) Leitura de projeto, 2) Estrutura, 3) Alvenaria, 4) Telhado, 5)Instalações prediais, 6) Revestimentos, e 7) Demolições. Sensibilização e conscientização para os impactos das ações antrópicas sobre o ambiente natural.
DESEMPENHO DAS SOLUÇÕES HABITACIONAIS (DSH): Investigação sobre a adequação das soluções habitacionais produzidas por meio de programas de HIS no Distrito Federal. Contempla a avaliação das diferentes formas de atendimento habitacional, dentre elas a produção de unidades habitacionais, reassentamentos ou regularização fundiária. A análise da concepção de projeto de empreendimentos habitacionais considera as escalas urbanística e arquitetônica, assim como a abordagem da satisfação do usuário.
TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS (TC): Investigação e inovação em sistemas construtivos industrializados para a HIS, considerando-se a otimização de investimentos e agilidade no processo produtivo, com redução de impactos ambientais decorrentes dos resíduos da construção. Considera-se que a moradia das famílias de baixa renda se realiza de forma gradual com alterações e acréscimos realizados em resposta às dinâmicas de composição familiar e da vida cotidiana, exigindo a compatibilização com o sistema convencional, de domínio por parte desse público. Como hipóteses de investigação, foram identificadas na Vila Tecnológica do Distrito Federal residências com situações de precariedade construtiva resultantes da inadequação de acréscimos. Consolidação de pesquisas e inovação em artigos científicos em periódicos relevantes na área, Manuais Técnicos para profissionais e Cartilhas de Orientação para o público-alvo da HIS.
Considera-se fundamental a troca acadêmica e interinstitucional entre redes de pesquisa. Nesse sentido, a equipe responsável, com formação específica para as distintas linhas de ação, é composta por professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, dos Institutos de Ciências Biológicas (Departamento de Zoologia) e Ciências Humanas (Departamento de Serviço Social) e do Núcleo de Pesquisas para Habitação do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (NPH/CEAM/UnB). Envolve o Grupo de Pesquisa “Gestão Ambiental Urbana” (PPG/FAU/UnB), o Grupo de Simulação Computacional do Ambiente Construído (SICAC/FAU/UnB) e o Laboratório de Construção (LABCON/FAU/UnB). A Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás (EECA/UFG) é parceira nas ações de melhorias habitacionais. A articulação entre pesquisadores de áreas distintas com a comunidade discente nos âmbitos da graduação e da pós-graduação fomentará a disseminação do conhecimento produzido.
As ações de extensão se estabelecem no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado entre a UnB e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB/DF), envolvendo a disponibilização, por parte da Companhia, de recursos como materiais de construção e mão de obra para realização de obras nas residências das famílias atendidas.
Palavras-chave
COVID-19, Habitação de Interesse Social, Modelos de Urbanização, Equilíbrio Ambiental.
Número de Integrantes da Equipe
11
Nome dos Integrantes da UnB
Professores UnB, respectivas áreas de formação e vinculação institucional: Profa. Dra. ANDRÉA PRADO A. REIS LISERRE – Engenharia Civil (FAU/UnB), Profa. Dra. ANNA RACHEL BARACHO E. JULIANELLI – Arquitetura e Urbanismo (FAU/UnB), Profa. Dra. CHENIA ROCHA FIGUEIREDO - Engenharia Civil (FAU/UnB), Profa. Dra. CRISTIANE GUINANCIO – Arquitetura e Urbanismo (FAU/UnB), Prof. Dr. GUSTAVO DE LUNA SALES – Arquitetura e Urbanismo (FAU/UnB), Profa. Dra. LUDMILLA MOURA DE SOUZA AGUIAR – Biologia (Departamento de Zoologia/UnB), Prof. Dr. LUIS ALEJANDRO PEREZ PENA – Engenharia Civil (FAU/UnB), Profa. Dra. MARIA DO CARMO DE LIMA BEZERRA – Arquitetura e Urbanismo (FAU/UnB), Prof. Dr. PERCI COELHO DE SOUZA – Serviço Social (IH/UnB), Profa. Dra. VANDA ZANONI – Engenharia Civil (FAU/UnB), Prof. Dr. RICARDO PRADO A. REIS – Engenharia Civil (Universidade Federal de Goiás).
Há integrantes externos à UnB?
Sim
Possui apoio de Grupo de Pesquisa Certificado pela UnB no CNPq?
Sim
Nome/Link do Grupo de Pesquisa certificado no CNPq pela UnB
“Gestão Ambiental Urbana” (PPG/FAU/UnB) dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/4700215367503304 , Grupo de Simulação Computacional do Ambiente Construído (SICAC/FAU/UnB), Laboratório de Construção (LABCON/FAU/UnB)
Público alvo
Análise do Contexto
A pandemia da COVID- 19 evidenciou a fragilidade da sociedade em face do aumento da transmissão de patógenos resultante do desequilíbrio ambiental causado, dentre outros fatores, pelos padrões de ocupação do solo urbano seja em áreas consolidadas ou de expansão. As áreas de baixa renda (periferias e favelas) se destacam pela ausência de saneamento básico e pelas situações de superlotação e insalubridade das moradias. Essas condições inviabilizam o atendimento das recomendações oficiais de isolamento social e higienização constante que o momento demanda.
O avanço da ocupação urbana sobre o ambiente natural é decorrente de um modelo de planejamento mais direcionado à rentabilidade do capital do que para eficácia social de uma política pública, o que resultou em contextos urbanos de segregação socioespacial. Com a valorização da terra nas áreas urbanas providas de infraestrutura, observa-se a exclusão da população menos favorecida, que enfrenta condições precárias de moradia em áreas periféricas ou em situações de irregularidade de ocupação do território urbano. No âmbito das ações governamentais para a HIS, o atendimento da demanda inclui a produção de empreendimentos na periferia das cidades, que em muitos casos resultam em desmatamento e avanço do tecido urbano sobre o ambiente natural, com impactos expressivos.
Breve Fundamentação Teórica
Os estudos e ações fundamentam-se no entendimento do "habitar”, que se realiza nas dimensões prática, simbólica e ecológica, pela satisfação de necessidades individuais e coletivas, nos âmbitos privado e público. Compreende-se que a vida das famílias não se limita à moradia, mas se realiza igualmente por interações sociais e pela satisfação de necessidades na vida urbana. Por isso abarca o espaço da vizinhança, do bairro e da cidade, que por sua vez se insere no ambiente natural, orientando-se por um padrão de interdependência e equilíbrio. No contexto da pandemia da COVID-19, essas reflexões assumem grande relevância na medida em que se evidenciam os impactos das ações antrópicas na dinâmica de transmissão de doenças infecciosas. Estudos evidenciam o aumento da transmissão de patógenos resultantes dos processos de urbanização que causam impacto na composição, comportamento e distribuição espacial de comunidades de vetores e hospedeiros, assim como a contaminação ambiental.
Objetivos e Metas
O objetivo da proposta é a redução da vulnerabilidade da população que vive em condições precárias à contaminação por zoonoses, por meio de:
• Melhoria das suas condições de moradia e de vida urbana;
• Provimento de condições de permanência no tecido urbano consolidado, com acesso à infraestrutura urbana adequada;
• Consequente redução da demanda por novas habitações que pressionam a expansão urbana sobre o ambiente natural, com impactos na transmissão de zoonoses.
METAS:
1. Prestação de assistência técnica para melhorias habitacionais a 20 (vinte) famílias, distribuídas em 4 (quatro) grupos (sistemática CODHAB de atendimento a grupos de 5 famílias para os procedimentos de contratação das obras);
2. Oferta de capacitação para o processo construtivo aos integrantes das famílias atendidas, ampliando-se para o público local, incluindo-se a sensibilização e conscientização para os impactos das ações antrópicas sobre o ambiente natural;
3. Desenvolvimento de investigação acadêmica e pesquisa participante, consolidação e disponibilização de conhecimentos sobre as interfaces entre urbanismo, saúde e ambiente natural;
4. Investigação sobre a adequação de soluções habitacionais resultantes de programas governamentais em 6 (seis) estudos de caso no Distrito Federal;
5. Desenvolvimento de investigação e inovação em sistemas construtivos industrializados para a HIS, consolidação e disponibilização dos conhecimentos adquiridos;
6. Investigação e desenvolvimento de procedimentos técnicos para compatibilização entre sistemas construtivos industrializados e o sistema convencional, na Vila Tecnológica/DF, com disponibilização dos conhecimentos por meio de Manuais Técnicos para profissionais e Cartilhas de Orientação para o público-alvo.
Metodologia
LINHAS DE AÇÃO e respectivos procedimentos metodológicos:
MH: Técnicas sociais e diagnóstico físico para identificação das necessidades. Proposição de intervenções, consolidadas em documentos técnicos.
QU: Investigações nas interfaces: urbanismo - habitação - saneamento – ambiente natural. Planejamento e projeto participativos para intervenção em espaços públicos por meio de mutirões.
CPC: Oficinas didáticas com disponibilização de jogos de cartilhas.
DSH: Investigação e seleção de métodos de avaliação e monitoramento do desempenho da HIS com aplicação em estudos de caso selecionados.
TC: Investigações sobre tecnologias construtivas para a HIS, orientadas para a inovação e compatibilização entre diferentes sistemas. Estudo de caso: Vila Tecnológica/DF.
Resultados Esperados
• O impacto direto na comunidade atendida com a qualificação das suas condições de vida e redução da vulnerabilidade à contaminação pela COVID-19;
• Fortalecimento e engajamento da população que vive em situação de precariedade para o enfrentamento dos impactos da COVID-19;
• Redução de impactos sobre o ambiente natural e na dinâmica dos ecossistemas, por meio da fixação da população menos favorecida no tecido urbano consolidado, diminuindo-se a pressão por expansão da urbanização;
• A inserção e formação dos discentes por meio da pesquisa e da prática extensionista no contexto da pandemia da COVID-19 e suas interfaces com a HIS, o urbanismo e o ambiente natural;
• Fortalecimento da pesquisa e inovação em tecnologias construtivas para a qualificação das condições de vida da população que vive em condições de precariedade;
• Disponibilização do conhecimento produzido por meio da publicação de artigos científicos, manuais técnicos e cartilhas de orientação.
Área de Conhecimento
Subárea de Conhecimento
Há previsão de Orçamento proveniente na unidade acadêmica?
Não
Cronograma da Execução
LINHAS DE AÇÃO:
(MH): 07/2020 a 06/2022– Atendimento individualizado a 5 famílias a cada 6 meses.
(QU): 03/2021 a 12/2022 - Pesquisa e ações no âmbito das interfaces entre urbanismo, saúde, saneamento básico e ambiente natural, perpassando-se a HIS.
(CPC): 11/2020 a 07/2022 - Realização de capacitação a cada 6 meses, totalizando 4 oficinas.
(DSH): 07/2020 a 06/2022– Orientação de alunos de Iniciação Científica.
(TC): 02/2020 a 06/2022 - Pesquisa e inovação no âmbito dos sistemas construtivos. Elaboração de manual técnico e cartilha de orientação.
CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS: 07/2022 a 12/2022.
Tempo total de execução previsto
30