Infovirus: prisão e pandemia

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Apresentação

Na política contemporânea a criação e circulação de informações falsas tem sido usada como estratégia discursiva para formação da opinião pública. No período da pandemia tais informações, no campo da saúde pública, tem a potencialidade de promover lesões de direitos e exposição à morte. Essa estratégia tem efeitos mais severos conforme mais se avança aos níveis mais baixos de desigualdade e vulnerabilidade das populações, como tem sido o caso de seu uso para fundar políticas prisionais em relação aos efeitos do coronavirus.
O Ministro da Justiça, Sérgio Moro, vem confrontando a estratégia de saúde pública de desencarceramento da população prisional, por meio da disseminação de dados falsos ou insustentáveis. Em um de seus pronunciamentos, por exemplo, citou um caso que a imprensa, posteriormente, notificou como falso. Esta estratégia tinha como objetivo acelerar o imaginário de medo em relação às representações de periculosidade relacionadas à população prisional.
Nas últimas semanas, o DEPEN vem produzindo dados sobre a situação do sistema prisional na crise pandêmica em torno do mundo. Tais informações tem subsidiado elaboração de Notas Técnicas e pautado os discursos do Ministro da Justiça. No entanto, a coleta dos dados feita pelo DEPEN não segue qualquer metodologia confiável e produz um enviesamento de resultados que serve apenas ao discurso de manutenção do confinamento e de exposição à morte de 700.000 pessoas no sistema prisional.
A produção, em tempo real, de dados confiáveis e de contrainformação é uma estratégia fundamental para disputar a opinião pública e gerar dados para a produção de incidências políticas e jurídicas no campo prisional.
É nesse sentido que criamos o Infovírus, um canal de dados que pretende gerar conteúdo sobre a expansão da pandemia nos presídios brasileiros e produzir informação de qualidade para o debate público sobre formas de prevenção e de proteção à vida e à saúde no âmbito sistema prisional.
O que é o Infovírus?
Trata-se de uma iniciativa de produção de conteúdo nas redes sociais (whatsapp, twitter e instagram) disseminando análises e checagem de discursos e fatos acerca da situação de saúde no sistema prisional brasileiro através de pesquisas científicas e de estratégicas de jornalismo investigativo.

Quem são os responsáveis pelo projeto?
O Infovírus é uma iniciativa proposta pelo Centro de Estudos de Desigualdade e Discriminação da Universidade de Brasília; Grupo Asa Branca de Criminologia (Universidade Federal de Pernambuco e Universidade Católica de Pernambuco); Grupo de Pesquisa em Criminologia (Universidade Estadual de Feira de Santana/Universidade do Estado da Bahia) e do Grupo Poder Controle e Dano Social (Universidade Federal de Santa Catarina/Universidade Federal de Santa Maria), juntamente com pesquisadores/as autônomos de diferentes regiões do país, que se reuniram
Como funciona o projeto?
O projeto elabora relatórios periódicos sobre as informações veiculadas pelo Ministério da Justiça e DEPEN, acerca da pandemia no sistema prisional. Verificam-se a consistência dessas informações e apresentam-se esclarecimentos técnicos acerca da real situação relatadas pelos veículos de imprensa, por pesquisadores/as locais e por instituições parcerias do projeto. Esse conteúdo é veiculado diariamente nas redes sociais e em breve também estará disponível em um site do projeto Infovírus.
Atuam na equipe de levantamento, verificação e divulgação de informações uma grande rede associada de pesquisadores/as voluntários nas áreas de direito, ciências sociais, comunicação e estatística supervisionados por um grupo de 4 coordenadoras/es que fazem o tratamento dos dados e a produção de relatórios diários. A maior parte da equipe desenvolve trabalho voluntário, mas é preciso remunerar uma equipe básica de bolsistas que possa gerir o fluxo de notícias do projeto, produzir e alimentar o site e as redes sociais.