Informações
Nível de aprovação pela UnB
Aprovado pela UnB
Nome Completo do Proponente
Soraya Fleischer
Matrícula UnB
1027778
Unidade acadêmica da UnB
fleischer.soraya@gmail.com
Link Cúrriculo Lattes
Título da Proposta
Quando duas epidemias se encontram: Repercussões do Covid-19 no cuidado e cotidiano de crianças com a SCVZ
Sumário Executivo da Proposta
O projeto pretende conhecer o que acontece quando duas epidemias de grande monta se encontram. A ideia é entender como o Covid-19 atinge e repercute na vida cotidiana nos cuidados de crianças com a SCVZ na região da Grande Recife/PE, um dos epicentros da epidemia do Vírus Zika. As principais demandas, estratégias e preocupações dessas famílias servirão para encaminhar sugestões e informações a autoridades sanitárias, tecnológicas, assistenciais.
Tipo da Proposta
Palavras-chave
Síndrome Congênita do Vírus Zika; Recife; Antropologia
Número de Integrantes da Equipe
7
Nome dos Integrantes da UnB
Gabriela Freitas (graduanda), Julia Garcia (Mestranda), Soraya Fleischer (Professora e coordenadora do projeto)
Há integrantes externos à UnB?
Não
Possui apoio de Grupo de Pesquisa Certificado pela UnB no CNPq?
Sim
Nome/Link do Grupo de Pesquisa certificado no CNPq pela UnB
CASCA - Coletivo de Antropologia e Saúde Coletiva, http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/536200
Público alvo
Análise do Contexto
- Desde 2016, nossa equipe com graduandas e mestrandas do DAN/UnB tem realizado uma coorte qualitativa acompanhando um conjunto de 20 famílias da região da Grande Recife/PE sobre as consequências da epidemia do Vírus Zika (VZ). Pernambuco e Bahia foram os estados mais atingidos pelo VZ (Brasil, 2020). Agora, essas crianças, nascidas com a Síndrome Congênita do Vírus Zika (SCVZ), estão completando 5 anos de vida, e já enfrentam outra epidemia. A ideia é aproveitar essa rede de contato e confiança que já temos consolidada com essas famílias e dar continuidade às nossas conversas, focando especialmente nas consequências do Covid-19 em suas vidas e cotidianos.
- Conhecer as percepções desse grupo sobre a atual pandemia é estratégico e pode ser representativo de populações mais amplas por algumas razões: a) são crianças com deficiências múltiplas; b) a SCVZ produz baixa imunidade e complicações respiratórias, pulmonares e digestivas; c) são famílias vivendo em áreas urbanas de risco sanitário (abastecimento de água potável, difícil acesso, violência, ausência de equipamentos e políticas públicas); d) são usuários de benefícios sociais (BPC, PBF, Auxílio emergencial).
- Recife e Pernambuco têm enfrentado alto número de contágios e mortes e sobrecarga dos sistemas hospitalares. Há muitas dúvidas sobre os efeitos do Covid-19 sobre essas crianças em específico. Impossibilitadas de estarem nas consultas de acompanhamento e terapias de reabilitação e para evitar que recorram presencialmente aos hospitais (muitas vezes, transformados em centros de referência para o Covid-19), as famílias ficam sem informações e orientações de como prevenir que as crianças se contaminem e como cuidar, caso isso aconteça.
- O celular já tinha um papel bastante importante para estas famílias resolverem assuntos relativos à saúde e cuidado das crianças e também manterem sociabilidade e redes de apoio, sobretudo nas mídias sociais. Celulares têm sua centralidade acentuada como meio de comunicação, segurança e solidariedade nesse momento de distância social.
- Assim, o projeto prevê agir na sistematização, acesso e circulação de informações de prevenção e cuidado das crianças com a SCVZ, face ao COVID-19.
Referências
BRASIL. “Boletim Epidemiológico 12”. Brasília: Secretaria de Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde, volume 51. Março, 2020.
DINIZ, Débora. Zika: do Sertão nordestino à ameaça global. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
FLEISCHER, Soraya. “Segurar, caminhar e falar: notas etnográficas sobre a experiência de uma mãe de micro no Recife/PE”. Caderno de Gênero e Diversidade, v. 3, n. 2, pp. 93-112, 2017.
CASTRO, Luísa Reis e NOGUEIRA, Carolina Oliveira. “COVID-19 e Zika: narrativas epidêmicas, desigualdades sociais e responsabilização individual”. Boletim Cientistas sociais e o coronavírus 31, 2020. Disponível em http://www.anpocs.com/index.php/ciencias-sociais/destaques/2345-boletim-n-31-cientistas-sociais-e-o-coronavirus
RODRIGUES, Ana Cláudia e LIRA, Luciana. “Questões sobre Antropologia e Emergências em Saúde: algumas palavras sobre a experiência do Zika Vírus e a Pandemia da Covid-19”. Boletim Cientistas sociais e o coronavírus 31, 2020. Disponível em http://www.anpocs.com/index.php/ciencias-sociais/destaques/2345-boletim-n-31-cientistas-sociais-e-o-coronavirus
RUTHERFORD, Danilyn. “Funding Anthropological Research in the Age of Covid-19”. Dossiê “Covid-19 and Student-Focused Concerns: Threats and Possibilities”. American Ethnologist, 2020. Disponível em: https://americanethnologist.org/features/collections/covid-19-and-student-focused-concerns-threats-and-possibilities/funding-anthropological-research-in-the-age-of-covid-19
SEGATA, Jean. “A importância das Ciências Humanas na pesquisa e combate às pandemias”. Notícias IFCH/UFRGS. Disponível em: https://www.ufrgs.br/ifch/index.php/br/a-importancia-das-ciencias-humanas-na-pesquisa-e-combate-as-pandemias
Breve Fundamentação Teórica
A SCVZ foi a principal consequência, em termos humanitários e reprodutivos, da epidemia do VZ (Diniz, 2016). Só no Brasil, quase 4.000 crianças se esforçam hoje em dia pra conviver com as múltiplas deficiências ocasionadas pela SCVZ (Brasil, 2020). Como qualquer epidemia, além dos aspectos biológicos, precisamos conhecer os sociológicos e antropológicos, já que os efeitos atingem também o corpo familiar, vicinal, social e político. A Antropologia da saúde e da ciência são áreas importantes nesse sentido (Fleischer, 2017; Segata, 2020). O Covid-19 gerou distância social, perda de renda, fechamento de serviços de saúde, farmácia, reabilitação e educação, todos centrais ao desenvolvimento e sociabilidade das crianças com a SCVZ (Reis e Nogueira, 2020; Rodrigues e Lira, 2020).
Objetivos e Metas
- Conhecer a realidade de rotina e cuidados das crianças com a SCVZ especificamente em tempos de Covid-19 e distância social.
- Consultar especialistas que têm acompanhado essas crianças para responderem as perguntas e dúvidas específicas que as mães e famílias têm.
- Buscar e sistematizar recomendações, orientações e protocolos que tenham sido produzidos especificamente para as crianças com SCVZ e publicados online por instituições de saúde e da gestão pública.
- Conhecer sobre o uso dos telefones celulares: De que tipo são os celulares; Quais são as operadoras, que pacotes de dados e tipos de conexão oferecem e quanto custam; Quais são as funções necessárias para operarem bem; Quem os utiliza; Para que são usados; Com quem se comunicam; Que tipo de serviços são acionados e resolvidos pelo telefone.
Metodologia
- Realizar conversas por meio de WhatsApp com as mães e profissionais de saúde, ambos especialistas na SCVZ. As conversas serão transcritas e analisadas.
- Buscar e sistematizar recomendações, orientações e protocolos publicados online por instituições de saúde e da gestão pública especificamente para as crianças com SCVZ.
- Elaborar documentos que sistematizem as principais demandas dessas famílias e encaminhadas aos órgãos competentes na forma de cartas pelos seus serviços de Ouvidoria, 0800 etc.
- Na segunda metade do projeto, de volta às atividades presenciais, realizaremos um evento em Recife/PE para devolver resultados e avaliar o projeto junto à comunidade envolvida.
Resultados Esperados
- Retrato detalhado e antropológico das práticas de cuidado, receios e desafios cotidianos que mães e familiares têm vivenciado com suas crianças de SCVZ na Grande Recife/PE.
- Sistematização de recomendações, orientações e protocolos emitidos por instituições de saúde e da gestão pública especificamente para as crianças com SCVZ.
- Produção continuada de um “Q & A” sobre SCVZ e Covid-19. Receber e reunir perguntas (Q), colher respostas (A) e circular esse material pelas redes sociais.
- Produção de posts e vídeos próprios para redes sociais com o intuito de divulgar informações para cuidar de crianças com a SCVZ e preveni-las do Covid-19.
- Relatório sobre o uso de celulares na comunicação diária realizada pelas famílias para o cuidado dessas crianças. Encaminhamento desse relatório às operadoras de telefonia celular para demandar melhoria e ampliação dos serviços de comunicação remota.
Área de Conhecimento
Subárea de Conhecimento
Há previsão de Orçamento proveniente na unidade acadêmica?
Não
Cronograma da Execução
Duração do projeto: 12 meses
- Meses 1 a 4: Levantamento de dados
- Meses 5 a 7: Sistematização, organização e análise dos dados
- Meses 8 a 10: Produção de materiais (Q & A continuado; documentos com demandas das famílias; sistematização de protocolos; relatórios para operadoras de telefonia celular; posts para redes sociais)
- Meses 8 a 12: Produção de três artigos científicos da área de Antropologia, para publicação em periódicos de estrato superior.
Tempo total de execução previsto
12